PALMEIRA DOS ÍNDIOS

"Câmara custa R$ 9 milhões por ano": Ex-secretário de Cultura Cássio Júnior cobra responsabilidade e inclusão após fala polêmica de presidente do Legislativo

Júnior critica atuação de Madson Monteiro e questiona custo-benefício do Legislativo de Palmeira dos Índios diante de falas preconceituosas e omissão social

Por Redação – Tribuna do Sertão Publicado em 13/04/2025 às 08:09

A polêmica envolvendo a declaração do presidente da Câmara de Vereadores de Palmeira dos Índios, Madson Monteiro, ganhou mais um destaque no vídeo gravado pelo ex-secretário de cultura neste fim de semana. Pelas redes sociais, o ex-secretário de Cultura, Cássio Júnior, subiu o tom ao rebater a fala do parlamentar sobre suposto desvio de água por parte da comunidade indígena da Fazenda Canto — e aproveitou para levantar uma crítica incisiva: o alto custo do Legislativo municipal.

“A Câmara dos Índios hoje custa para o povo de Palmeira R$ 9 milhões por ano. É o preço que pagamos para ela funcionar. E, por esse valor, não se espera que o presidente ataque comunidades tradicionais. Espera-se que ele defenda direitos e abra portas.”

A crítica vem em resposta à declaração de Madson durante a 5ª sessão ordinária da Casa, quando, ao tratar da crise hídrica que afeta o município, o presidente reproduziu uma suposta fala das empresas Águas do Sertão e CASAL que culparia a comunidade indígena pelo desvio de água — sem apresentar qualquer prova.

A fala repercutiu de forma negativa entre lideranças indígenas, ativistas e membros da sociedade civil. Para Cássio, a postura do presidente da Câmara revela um descompasso entre o custo da instituição e sua utilidade real para a população, sobretudo no que diz respeito ao respeito às minorias e à construção de políticas públicas inclusivas.

Poder que custa caro, mas entrega pouco?


O ex-secretário também questionou o uso político da máquina pública, lembrando que Madson Monteiro foi responsável por indicar a atual secretária de Agricultura. Segundo Cássio, seria papel do presidente atuar diretamente para garantir, por exemplo, que os agricultores indígenas da Fazenda Canto — referência em produção agroecológica e fornecimento de merenda escolar em municípios vizinhos, como Igaci — também fossem contemplados em Palmeira.

“O senhor, que tem influência política na Secretaria da Agricultura, poderia intervir no sentido de garantir que os agricultores indígenas pudessem vender sua produção para o próprio município. Por que não?”

A crítica vai além da fala pontual: ela escancara uma cobrança latente sobre o papel da Câmara Municipal no enfrentamento de desigualdades e no respeito às comunidades tradicionais — especialmente diante do orçamento milionário que recebe anualmente.

Silêncio do Legislativo


Até o fechamento desta matéria, o presidente da Câmara não havia se pronunciado sobre a crítica direta ao orçamento da Casa e tampouco sobre o conteúdo das falas de Cássio Júnior.

Nos bastidores, a cobrança por mais transparência no uso dos recursos públicos e por uma postura institucional compatível com a responsabilidade orçamentária deve crescer. O episódio reacende um debate necessário: o que o povo de Palmeira está recebendo em troca dos R$ 9 milhões anuais investidos no Poder Legislativo?