OMC foi sepultada sob os mísseis da guerra tarifária, declara Maduro na cúpula da CELAC

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou a expressar sua oposição à política tarifária imposta pelo presidente Donald Trump contra dezenas de países, embora, por enquanto, tais tarifas estejam suspensas para todos, exceto a China.
Diante das medidas punitivas ditadas por Washington, que buscam apenas dividir a América Latina e acabar com o multilateralismo, só resta a união regional para inaugurar uma nova era de cooperação econômica, comercial e política, afirmou o mandatário do país sul-americano durante sua intervenção virtual na IX Cúpula de Chefes e Chefas de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Tegucigalpa.
"É possível a união. Unamo-nos na diversidade para podermos fazer deste século um tempo de autodeterminação, soberania, verdadeira liberdade e uma base econômica, social e moral poderosa", disse Maduro.
Maduro também conclamou o início de uma nova época "não de nova colonização nem de novo escravismo", pois o dilema da América Latina, segundo ele, "não pode ser voltar a ser colônia e se comportar bem".
"O direito comercial, econômico, internacional e público fica mortalmente ferido, assim como os acordos bilaterais e multilaterais em matéria de comércio. A Organização Mundial do Comércio foi sepultada sob os mísseis da guerra tarifária", alertou.
Além disso, o líder venezuelano propôs a criação de uma Secretaria-Geral da CELAC para fortalecer os projetos da região:
"Nossa Comunidade de Estados Latino-Americanos precisa pensar-se em médio e longo prazo e construir sua institucionalidade. A Venezuela propôs a constituição de uma Secretaria-Geral da CELAC. Há muitas coisas que podemos fazer para nos reinventar", destacou.
Durante a reunião, a presidente hondurenha Xiomara Castro transferiu a presidência pro tempore do mecanismo intergovernamental para seu homólogo colombiano, Gustavo Petro. A declaração final teve seis pontos e foi assinada por 30 dos 33 países que integram o grupo. Não aderiram os governos da Argentina, Paraguai e Nicarágua.
O texto afirma que a CELAC "rejeita a imposição de medidas coercitivas unilaterais que contrariam o direito internacional, incluindo aquelas que restringem o comércio internacional".
O presidente Luís Inácio Lula da Silva também criticou as medidas tarifárias dos EUA:
"A América Latina e o Caribe enfrentam hoje um dos momentos mais críticos de sua história. Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região [...] A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", declarou ele em seu discurso.
Lula também criticou os embargos contra Cuba e as sanções contra a Venezuela.