EUA

Aumento de tarifas vai isolar ainda mais economia norte-americana do mundo, diz analista chinês

Por Sputinik Brasil Publicado em 07/04/2025 às 01:43
© AP Photo / Evan Vucci

O aumento contínuo das tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos tende a isolar progressivamente a economia norte-americana do restante do mundo, provocando mudanças significativas na estrutura da globalização econômica e impactando negativamente o próprio país.

A avaliação é de Zhang Liqun, pesquisador do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento do Conselho de Estado da China, em entrevista à Sputnik.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou recentemente um decreto que estabelece tarifas "recíprocas" sobre importações de diversos países. A alíquota básica mínima foi fixada em 10%, mas a maioria das nações enfrentará taxas mais altas, calculadas com base no déficit comercial dos EUA com cada país — com o objetivo de substituir esse déficit por equilíbrio. De acordo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, as novas tarifas sobre produtos chineses se somam a medidas anteriores e podem alcançar até 54%.

"O aumento contínuo das tarifas por parte dos EUA vai progressivamente afastar a economia americana da economia mundial, provocando mudanças substanciais na estrutura da globalização econômica. Essas mudanças, de forma geral, terão impacto negativo sobre a própria economia dos EUA", afirmou Zhang Liqun.

Segundo o especialista, as tarifas impostas pelos EUA terão impacto limitado sobre a economia chinesa. "A China tem uma população de 1,4 bilhão de pessoas. Com a retomada econômica sustentável, o crescimento positivo, a melhora no emprego e na renda, o mercado interno possui um enorme potencial de consumo", explicou.

Zhang destacou que, em 2024, os investimentos totais na China chegaram a 52 trilhões de yuans (R$ 41,5 trilhões), as vendas no varejo de bens de consumo totalizaram 48 trilhões de yuans (R$ 38,3 trilhões), e o volume de exportações foi de 25 trilhões de yuans (R$ 19,9 trilhões).

"Esses números mostram que a economia chinesa se baseia, em grande parte, em seu imenso mercado interno, e que o impacto de mudanças na demanda externa é relativamente limitado", afirmou.

O pesquisador também observou que, com o aumento mútuo das tarifas, a China tende a ampliar significativamente a substituição de importações agrícolas e de outros produtos oriundos dos EUA.

"A China possui capacidade agrícola estável, uma indústria de transformação altamente desenvolvida e acesso a fontes alternativas de importação no mercado internacional. Por isso, o impacto será limitado", concluiu.

Como resposta às tarifas americanas, o Conselho de Estado da China anunciou em 5 de abril a aplicação de tarifas adicionais de 34% sobre todos os produtos vindos dos EUA, com vigência a partir de 10 de abril.

Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou à Sputnik que o aumento das tarifas por parte dos EUA não tem fundamento algum. Segundo o chanceler chinês, essas medidas não ajudarão o país a resolver seus problemas internos, mas sim causarão sérios danos ao mercado global, à ordem comercial internacional e à própria reputação norte-americana.

O ministro advertiu que, caso Washington continue a exercer pressão econômica, Pequim responderá da maneira mais firme possível.