GEOLOGI A

Litosfera terrestre está 'gotejando' para o interior do planeta nos EUA, revela estudo

Por Sputinik Brasil Publicado em 04/04/2025 às 11:02
CC BY-SA 2.0 / Laboratório Nacional Argonne /

A litosfera, ou seja, a camada sólida externa da Terra, que no caso do nosso planeta é formada pela crosta terrestre e por parte do manto superior, é capaz de "se coar" para o interior. Segundo um recente estudo publicado na revista Nature Geoscience, tal processo está ocorrendo sob a região Centro-Oeste dos EUA.

O gotejamento litosférico ocorre em plataformas especialmente estáveis da crosta terrestre – os crátons. Os crátons são considerados os núcleos em torno dos quais se formam os continentes. Atualmente, sabe-se da existência de 35 crátons.

O processo de gotejamento litosférico ocorre quando a parte inferior da crosta terrestre é aquecida a uma determinada temperatura. O material derrete e se forma uma "gota", que, tendo acumulado massa suficiente, se separa e vai rumo às profundezas do planeta.

O fenômeno, que não causa preocupação aos geólogos, também é encontrado em outras partes do mundo. Nos Andes e no planalto da Anatólia na Turquia, o processo leva a mudanças na superfície indicando atividade no interior.

"Tais coisas são importantes se quisermos entender como o planeta evoluiu por um longo tempo. Ajuda a compreender como se formam os continentes, como eles se quebram", disse Thorsten Becker da Universidade do Texas em Austin, escreve Science Alert.

Diagrama, modelo explicativo, mostra o gotejamento litosférico sob a América do Norte
Diagrama, modelo explicativo, mostra o gotejamento litosférico sob a América do Norte
A simulação mostrou que o cráton sob a maior parte do continente norte-americano está gradualmente se tornando mais fino. Mas por que isso está acontecendo? De acordo com os cientistas, a cerca de 600 km do cráton, a antiga placa tectônica de Farallon está submergindo sob a placa tectônica norte-americana, ou seja, há um processo de subducção. Esse processo tem estado ocorrendo por centenas de milhões de anos e atualmente a placa Farallon está quase completamente subducta – a maior parte dela está no manto inferior sob a placa norte-americana.

Presume-se que, devido à placa de Farallon, fluxos em grande escala do manto são redirecionados e cortam a parte inferior do cráton, enfraquecendo-o. Embora o centro de afinamento esteja sob a região Centro-Oeste dos EUA, esse processo afeta todo o cráton. No entanto, devido ao longo período de tempo do processo – milhões e até mesmo bilhões de anos – é improvável que afete os habitantes do continente nas próximas gerações.