Candidata equatoriana denuncia suposto sistema paralelo das Forças Armadas de contagem de votos

A candidata à presidente do Equador, Luisa González, do movimento Revolução Cidadã (RC), questionou neste sábado (8) um suposto sistema paralelo de contagem de votos por parte das Forças Armadas do Equador, denunciado nas redes sociais, e adiantou que solicitará as informações eleitorais correspondentes.
“Senhora Diana Atamaint, Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e senhores das FFAA, isso é gravíssimo, ilegal e inconstitucional. Faremos os pedidos de informação correspondentes e esperamos uma resposta urgente.
A denúncia ocorreu poucas horas antes das eleições gerais previstas no país sul-americano, onde o presidente Daniel Noboa tentou a reeleição para o período 2025-2029, em meio a questionamentos por não cumprir as normas eleitorais e constitucionais vigentes para fazer campanha eleitoral.
A candidatura fez referência a um documento que continha instruções aos militares para que enviassem, por meio de um aplicativo, fotografias digitais das atas escaneadas durante as eleições, com o suposto objetivo de realizar uma contagem por conta própria.
Mais de 13 milhões de equatorianos estão convocados para escolher nas urnas quem vai liderar o país de 2025 a 2029, assim como os 151 membros da Assembleia Nacional (parlamento unicameral) e os cinco representantes do Parlamento Andino.
De acordo com as pesquisas prévias sobre a intenção de voto, González e Noboa são os favoritos para vencer essas eleições entre os 16 candidatos à presidência.
Na semana passada, o secretário-geral do movimento Revolução Cidadã, Andrés Arauz, revelou que foram recebidos "alertas graves" sobre estratégias de manipulação do processo eleitoral, razão pela qual foi solicitada uma auditoria preventiva de informática e de processos a todos os observadores internacionais para garantir a manipulação, transmissão e digitalização das atas.
“Estamos solicitando uma auditoria preventiva de informática e de processos aos observadores internacionais da OEA (Organização dos Estados Americanos), União Europeia (UE), Copppal (Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina) e outros, para garantir o processo de digitalização, transmissão e, principalmente, digitalização das atas”, afirmou o líder político.
Ele afirmou que, para este ano, foi feita uma mudança no processo eleitoral que o torna mais vulnerável à manipulação, para permitir que os digitadores (quase todos do partido governamental ADN) visualizem a matriz completa, em vez de apenas as células com números.
O ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) também alertou no fim de semana sobre uma suposta manipulação contra o RC por meio de inteligência artificial.
Ao encerrar sua campanha eleitoral, Noboa pediu aos apoiadores que cuidassem dos votos nas urnas para evitar fraudes, em meio a questionamentos sobre uma possível manipulação do processo eleitoral a seu favor.
Para ser eleito presidente no Equador, um candidato precisa obter mais de 50% dos votos válidos ou 40% com uma vantagem de pelo menos dez pontos sobre o segundo colocado. Caso seja necessário um segundo turno, o processo será realizado em 13 de abril.
No Equador, o voto é obrigatório para pessoas entre 18 e 65 anos, e a abstenção implica uma multa de US$ 47 (R$ 273), correspondente a 10% do salário médio.
O próximo presidente do Equador tomará posse em 24 de maio para um mandato de quatro anos.
Por Sputinik Brasil