CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Especialista brasileira explica o que aconteceria se a Terra parasse de girar

Cientistas fizeram um exercício de imaginação sobre o cenário apocalíptico mais impossível de todos: o que aconteceria com o nosso planeta, as megalópoles e toda a vida na Terra se, de repente, ela parasse de girar?

Por Sputinik Brasil Publicado em 21/01/2025 às 12:16
CC BY 2.0 / Flickr.com / Kevin Gill /

A resposta mais simples é muito objetiva, tudo que está em movimento junto com o planeta, ou seja, água, oceanos, atmosfera e seres vivos, continuariam se movendo, mas a cerca de 1.674 km/h (tendo como referencial a linha do Equador) graças à inércia. Tudo o que não estivesse preso no solo seria arremessado no ar. Basta imaginar um carro se movimentando a esta velocidade e pensar no que aconteceria se você estivesse sem cinto de segurança e ele freasse de repente.

Muito provavelmente, grande parte do cenário que conhecemos seria desintegrada especialmente na linha do Equador, onde a velocidade da rotação da Terra é mais rápida.

A hipótese absolutamente irrealista descreve uma destruição massiva e inúmeros desastres ambientais. O clima, por exemplo, apresentaria mudanças impensáveis quando apenas um lado da Terra acabaria exposto ininterruptamente ao calor e radiação solares, enquanto a outra metade do planeta na escura e fria noite interminável, o que afetaria a vida de toda espécie de maneira muito drástica.

"As mudanças seriam enormes e inóspitas para a vida, árvores e plantas e grande parte do solo seriam varridos pelos ventos violentos", explica a pesquisadora do Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS, Thaísa Storchi Bergmann, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), de acordo com o G1.

Mas o cenário apocalíptico não pararia por aí. Com a movimentação de massa à velocidade mencionada, um ajuste bem abrupto na crosta terrestre provocaria enormes rachaduras e deslocamentos de terra criando um rastro de destruição sem precedentes. Com a movimentação, ventos poderosos, vulcões e tsunamis seriam uma constante até que a massa da Terra se acomodasse mais uma vez — já que a força centrífuga que mantém a massa da Terra levemente achatada nos polos e mais "inchada" no Equador teria sido liberada de uma só vez.

O clima global sofreria profundas alterações, já que as correntes oceânicas mudariam intensamente e as temperaturas jamais seriam sentidas da forma como conhecemos hoje. Além disso, com a rotação parada, os dias e noites passariam a durar cerca de seis meses. Mas os seres humanos conseguiriam sobreviver a tal cenário?

"Possivelmente só sobreviveriam os que estivessem em bunkers enterrados e de preferência encravados em rochas fundas", diz Bergmann.

Com as capacidades de sobrevivência extremamente reduzidas, é provável que ursos polares e pinguins se saiam bem por certo período, assim como as criaturas abissais, uma vez que a velocidade de rotação é reduzida nos pólos de nosso planeta e os fundos dos oceanos sofreriam muito lentamente com efeitos de superfície dada a densidade e grande pressão exercida pela água.