'É muito dinheiro': Scholz se recusa a permitir que a Alemanha gaste mais recursos na OTAN
O apelo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para que os países-membros da OTAN gastem anualmente 5% do PIB em defesa não foi bem recebido na Alemanha, onde o chanceler Olaf Scholz foi muito claro: seu país não planeja gastar esse valor.
O líder alemão disse que "é melhor se concentrar no caminho que a Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN] concordou há muito tempo", referindo-se à porcentagem de 2% de gastos com defesa, já acordado anos atrás.
"É muito dinheiro. E isso realmente significa que teríamos que economizar 150 bilhões [de euros] ou nos endividar em 150 bilhões por ano ou uma mistura de ambos", disse Scholz em uma entrevista à uma revista alemã, após ser questionado sobre sua opinião em relação a proposta de Trump.
Segundo o chanceler, 5% do PIB da Alemanha significariam cerca de 200 bilhões de euros por ano (R$ 1,3 trilhão), de um orçamento total de 490 bilhões de euros (R$ 3 trilhões).
Embora tenha reconhecido que Berlim deve "fazer mais pela segurança", ele esclareceu que seu país quase dobrou seus gastos anuais com defesa para cerca de 80 bilhões de euros (R$ 501 bilhões).
Anteriormente, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, chamou a demanda de Trump de "irrealista".
Ian Lesser, membro da think tank German Marshall Fund, concorda. Ele disse a vários veículos de mídia internacionais que "é completamente irrealista imaginar que virtualmente todos os aliados da OTAN atingirão o nível de 5%, pelo menos no curto prazo".
Os países da OTAN concordaram na cúpula de Vilnius em gastar pelo menos 2% do PIB em defesa em 2023. Atualmente, 23 dos 32 membros da Aliança Atlântica gastam 2% ou mais do seu PIB neste item.
Em julho passado, o ex-secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que os países membros da OTAN cumpririam sua promessa de gastar 2% ou mais de seu PIB em defesa, conforme solicitado pelos Estados Unidos.
"Os aliados da OTAN estão prontos para aumentar os gastos com defesa em 18% este ano. Este é o maior aumento em décadas", ele disse na época. "Vinte e três aliados gastarão 2% do PIB ou mais em defesa este ano", acrescentou. Segundo ele, esse número mais que dobrou do que o registrado há quatro anos.
"Também é importante para os Estados Unidos saberem que muito desse dinheiro é gasto aqui. Os aliados estão cada vez mais comprando equipamentos dos Estados Unidos", disse ele.
Em 2014, as nações que compõem o bloco militar ocidental se comprometeram com Washington a gastar essa proporção de dinheiro em defesa. No entanto, apenas três países atingiram a meta: Estados Unidos, Reino Unido e Grécia.