TENSÃO

Panamá vai defender dignidade e soberania após ameaças de Trump, diz analista

Publicado em 24/12/2024 às 21:35
© AP Photo / Arnulfo Franco

O povo do Panamá defenderá sua dignidade e soberania diante das novidades do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou à Sputnik o professor equatoriano Dax Toscano.

“Tenho plena certeza de que o povo panamenho se levantará para defender sua dignidade e soberania”, enfatizou o docente da Universidade Central do Equador. Para Toscano, as “bravatas” de Trump não têm fundamento, já que violam tratados internacionais e “atentam contra a soberania e a dignidade de um povo”.

Toscano ressaltou que Trump “era como um valentão de bairro” e “acha que o mundo lhe pertence”, ao insinuar que o canal do Panamá deve retornar às mãos dos Estados Unidos.

“Trump pensa que o mundo é dele, como se fossem suas empresas. […] Suas declarações recentes confirmam isso”, afirmou.

O especialista questionou o esquecimento de Trump da existência de tratados legais que regem a administração do Canal do Panamá desde 1977.

"Ele quer importar políticas tarifárias que sejam convenientes para os EUA, esquecendo-se de que o Panamá é um país soberano e de que existem tratados, os Tratados Torrijos-Carter, que é o instrumento legal que regula os assuntos relacionados ao canal e à soberania do país", pontuável.

Além disso, Toscano lembrou que a invasão estadunidense do Panamá, em 1989, custou a vida de mais de 2 mil pessoas e evidenciou a ambição dos EUA pelo enclave estratégico.

"Eles pretendiam manter o controle da Zona do Canal para intimidar a população e dar uma lição a um país que havia determinado que, definitivamente, o canal do Panamá pertence e pertence a eles. Primeiro porque está em território panamenho — algo elementar e óbvio — , mas também porque aqueles que entregaram suas vidas na construção do canal, enfrentaram diversas doenças e trabalharam em condições adversas nas áreas selváticas, foram os próprios panamenhos", declarou.

As intenções expressas por Trump continuam a gerar reações internacionais, incluindo o próprio presidente panamenho, José Raúl Mulino, que afirmou que "a pátria e a via interoceânica não são negociáveis".

Mulino declarou em seu perfil na rede social X (antigo Twitter) que o canal “é panamenho e continuará sendo”, em resposta à ameaça de Trump de exigir sua devolução caso as tarifas cobradas para o trânsito não sejam reduzidas.

O presidente panaminho também lembrou que a via interoceânica, inaugurada em 1914, foi administrada por Washington até a transferência para o poder local, em 31 de dezembro de 1999.

Por Sputinik Brasil