Cada país da UE falando de unidade está tentando se salvar a si próprio, diz diplomata europeu
A Europa está enfrentando um dos maiores desafios nas últimas sete décadas de sua existência, especialmente com a chegada do presidente eleito dos EUA Donald Trump ao poder, quase ameaçando a unidade do bloco europeu e as partes que dependem dele, diz o jornal South China Morning Post.
Durante uma cúpula da União Europeia (UE) na quinta-feira (19), altos políticos do bloco discutiram várias questões, com o foco em serem unidos em frente dos desafios que tendem a separar os países-membros.
A chefe da diplomacia europeia Kaja Kallas sublinhou que, se a Europa quer ser forte e séria no cenário mundial, precisa agir de forma unida, de um lado criticando a China e de outro Trump, pela sua postura protecionista em relação ao comércio EUA-UE.
"Todos falam sobre unidade, mas, na verdade, todos querem obter o melhor acordo para si mesmos e evitar o pior", cita o jornal um diplomata falando da questão de Trump.
O artigo diz que há um medo de que o bloco, que já existe há mais de 70 anos, "pode cair nas brechas da maior mudança geopolítica das últimas décadas".
O medo se sente especialmente nas questões da Ucrânia, Oriente Médio, posição da Europa no cenário mundial e das relações com a China e com os Estados Unidos.
"Nesses grandes temas, a unidade é cada vez mais difícil de ser alcançada."
O presidente do Conselho Europeu, o mais alto órgão político da UE, composto pelos chefes de Estado e de governo dos Estados-membros da união, António Costa, tocando a questão ucraniana, disse que o conflito deve acabar nos termos de Kiev.
A chefe da autoridade executiva da UE, a Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apoiou o ex-primeiro-ministro de Portugal nesse assunto.
Enquanto isso, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán não concordou com essa opinião, dizendo que a situação no campo de batalha dispõe para diplomacia e negociações.
Segundo o jornal, tal retórica revela uma grande divisão dentro da comunidade europeia.