Espera por anúncio fiscal faz Ibovespa cair aos 126,7 mil pontos, ignorando alta em NY
A cautela interna, diante da sensação dos investidores de que o anúncio do pacote fiscal, que era prometido para ser divulgado após o segundo turno da eleição municipal, fique para a semana que vem, causa desconforto nos ativos brasileiros. O Ibovespa opera perto das mínimas e já perdeu a marca dos 128 mil pontos da máxima da abertura (128.196,623 pontos) e também abandonou há pouco o nível dos 127 mil pontos.
"O Ibovespa vinha operando de forma lateralizada desde o último dia 11, em meio ao atraso do pacote fiscal. Pode ser que nem saia esta semana. E agora tem essa notícia da Rússia atacando a Ucrânia", pontua Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3 Investimentos. Além do valor em si do corte de gastos, o mercado quer saber quando o pacote sairá. "Então, a questão macro acaba pesando. Se vier algum forte, como falaram na casa de R$ 70 bilhões, pode ajudar a aliviar o risco Brasil."
De acordo com Felipe Moura, analista da Finacap, mesmo com bons resultados corporativos do terceiro trimestre apresentados recentemente o Ibovespa não consegue avançar por conta das preocupações fiscais. "A temporada foi boa, houve crescimento no lucro de muitas empresas, alguns vieram dentro do consenso. O macro domina. O mercado não sabe se o pacote sairá, quando sairá. Isso tem segurado os preços no mercado", reforça.
Na mínima o Índice Bovespa caiu 1,13%, aos 126.743,76 pontos, com apenas quatro ações em alta, de um total de 86. O dólar avança a R$ 5,82, influenciando os juros futuros, apesar do cenário mais calmo em Nova York. Além da parcimônia local, a escalada da guerra na Ucrânia é monitorada pelos investidores.
Na volta do feriado da Consciência Negra, os investidores monitorarão a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevista para a tarde de hoje para discutir a pauta fiscal. Um dos impasses do plano de redução de despesas - relacionado ao Ministério da Defesa - parece ter sido solucionado. A área técnica da pasta teria fechado acordo com a equipe econômica para cortar gastos na previdência dos militares.
"É uma manhã cautelosa nos mercados, seguindo o padrão visto ontem durante o feriado. Prevaleceram os sinais de cautela dos bancos centrais na Europa e nos Estados Unidos e principalmente uma leitura negativa dos balanços do setor de tecnologia", pontua o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário matinal.
Ontem, a fabricante de chips americana Nvidia divulgou balanço, que superou estimativas com lucro e receita, mas ficou aquém das expectativas mais otimistas e as ações reagiram em queda. Agora, já avançam e puxam as bolsas em Nova York para cima, após fecharem com sinais divergentes na véspera.
Na terça-feira, o Ibovespa fechou com valorização de 0,34% e encerrou aos 128.197,25 pontos. "Difícil manter o patamar dos 128 mil pontos conquistado antes do feriado. Mas a alta do petróleo e do minério de ferro pode mudar esse quadro e manter este nível", diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.
Além do cenário fiscal, os investidores esperam por mais informações sobre o Plano Estratégico 2025/2029 da Petrobras, que será apresentado nesta quinta ao conselho da estatal. Nesta terça, a empresa paga a parcela de dividendos aprovados em agosto.
Outro ponto de atenção é a afirmação do Carrefour de que se compromete a não vender mais carnes provenientes de produtores do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer. As ações do Carrefour cediam 4,03% às 11h28.
O Ibovespa caía 0,86%, aos 127.088,01 pontos.