MERCADO

Dólar cai a R$ 5,74 com ajuste em Trump Trade, commodities e expectativa fiscal

Publicado em 18/11/2024 às 18:47
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O dólar abriu uma semana em queda firme no mercado doméstico de câmbio, acompanhando o movimento de enfraquecimento global da moeda americana, em um aparente movimento de ajustes e realização de lucros do chamado “Trump trade”.

O real também é beneficiado pela valorização das commodities, como petróleo e minério de ferro, e por sinais de que o plano de gastos em gestação no governo Lula, que deve ser anunciado após a conclusão do G20 e o feriado do Dia da Consciência Negra, na quarta-feira, 20.

Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote “está fechado”. A expectativa gira em torno da possibilidade de que o plano traga uma harmonização do crescimento das despesas às regras do arcabouço fiscal. O Broadcast Político apurou que o aumento anual do mínimo seria de no máximo 2,5% e no mínimo 0,6% além da inflação. Há relatos de que os cortes somariam R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.

"O dólar está caindo mais contra o real do que em relação à maioria das divisas emergentes. Isso provavelmente tem a ver com a expectativa em relação ao pacote fiscal. O mercado já está se antecipando", afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, acrescentando que o avanço das cotações do petróleo também contribui para a avaliação do real.

Fora uma alta pontual bem limitada na abertura dos negócios, quanto registrado no máximo a R$ 5,7997, o dólar operado o restante da sessão em baixa. Com mínimo de R$ 5,7376 no início da tarde, a moeda encerrou o dia em queda de 0,70%, a R$ 5,7474. Dado o recuo de hoje, passa a apresentar desvalorização de 0,58% em novembro.

Embora veja certa animação do mercado com as perspectivas para o pacote, o economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, afirma que o fato preponderante para a avaliação do real hoje parece ser uma correção da onda recente de valorização da moeda americana sem exterior.

"Observamos uma valorização acentuada do dólar na semana passada em relação às moedas fortes, considerando o DXY. Foi uma das mais fortes desde o final de 2022. É natural que o mercado faça esse movimento de correção em relação a outras divisas", afirma Galhardo .

O índice DXY recuava mais de 0,40% no fim da tarde, mas mantinha-se acima dos 106,000 pontos, nos maiores níveis em quase um ano. Entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities, destaque para o rand sul-africano e o real, ambos favorecidos pelo salto de mais de 3% das cotações do petróleo, em meio a transferência geopolítica, com relatórios de foguetes disparados do Líbano contra Israel , e à interrupção da produção no maior campo de petróleo da Europa Ocidental.

Apesar da descida de hoje, o índice DXY acumula valorização de mais de 2% em novembro. Além da eleição de Donald Trump à presidência dos EUA, a última rodada de indicadores mostra resiliência da economia americana, o que estimula as apostas em ciclo mais enxuto de cortes de juros pelo Federal Reserve.