Ibovespa fecha estável com alta de commodities e à espera de corte de gastos
O Ibovespa fechou perto da estabilidade após ter oscilado entre níveis altos e baixos desde o início. Do lado positivo, destaque para a alta das commodities e um Plano de Negócios da Petrobras sem grandes mudanças em relação ao anterior, o que significa maior espaço para dividendos. Contudo, a espera pelo pacote de corte de despesas, em gestação pelo governo federal, e a piora nas expectativas de inflação vista no boletim Focus pesaram contra. O Morgan Stanley inclusive rebaixou a recomendação do Brasil na sua cobertura da América Latina para subponderação (equivalente a venda), mencionando questões fiscais e taxas de juros elevadas.
O índice principal da B3 fechou aos 127.768,19 pontos (-0,02%), após máxima de 128.277,27 pontos (+0,38%) e mínimo de 127.226,37 pontos (-0,44%). O giro financeiro foi de R$ 22,6 bilhões.
O sinal positivo do Ibovespa foi amparado principalmente pelas cotações de petróleo, que à tarde acentuaram alta com a intensificação de riscos geopolíticos, principalmente após as Forças de Defesa de Israel interceptarem foguetes vindos do Líbano, em um aparente ataque. O dólar enfraquecido e os riscos à oferta também ajudaram a elevar os preços da commodity, que fechou em alta acima de 3% tanto no barril WTI, a US$ 69,17 (+3,36%), quanto no Brent, a US$ 73,30 (+3,18%).
“Ponto relevante é o petróleo subindo bastante, e a Petrobras anunciou um Plano de Negócios que não foi ruim. O mercado tinha recebimento de que aumentava muito o capex (investimento) e reduzisse os dividendos, mas não foi bem assim”, comenta o chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, Pedro Serra. A estatal subiu 2,57% (ON) e 2,50% (PN) após divulgar que seu Plano de Negócios prevê US$ 111 bilhões em investimentos para o período de 2025 a 2029, em linha com os US$ 102 bilhões da gestão de Jean Paul Prates.
A mineração de ferro também fechou em alta, de 1,87% em Dalian, na China, a US$ 105,23 por tonelada, e de 2,52% em Cingapura, a US$ 99,15. Assim, o Vale ON, ação com maior peso no índice, fechou em alta de 1,25%.
Para o sócio da WMS Capital, Marcos Moreira, o Ibovespa não teve um desempenho mais acentuado porque o mercado está em “compasso de espera” pelo pacote de corte de despesas. Ele também destaca que o Boletim Focus mais uma vez trouxe expectativas marginalmente mais elevadas para a inflação, o que estressa a curva de juros de futuros e, consequentemente, pesa na Bolsa.
Serra, da Ativa, pondera que o Focus parece ter um pouco de atraso em relação ao que tem sido precificado na curva dos contratos de depósito interfinanceiro (DI), com chance de que as expectativas para o terminal Selic “azedem ainda mais”.
Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para as ações cíclicas - mais sensíveis a juros - Azul PN (-7,50%) e Hapvida (-6,94%).