Recrutamento de judeus ultraortodoxos quebraria o núcleo da frágil coligação de Netanyahu, diz mídia
Os israelenses ultraortodoxos acusaram o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de "declarar guerra" contra eles depois que o governo aprovou o recrutamento de homens Haredi.
O novo ministro da Defesa, Israel Katz, declarou que a partir de 17 de novembro será enviada documentação para recrutar 7 mil pessoas.
Apesar de uma lei promulgada na fundação do Estado judeu, permitindo que os israelenses ultraortodoxos estudassem as escrituras em tempo integral e, portanto, isentando-os do serviço militar, desde o início da guerra na Faixa de Gaza, cresceram os apelos para eliminar a referida isenção.
"A decisão ameaça abrir uma brecha dentro da frágil coligação de [Benjamin] Netanyahu, que conta com o apoio de parceiros ultraortodoxos que se opõem firmemente ao recrutamento de haredis", sublinha o jornal britânico The Times.
O Ministério da Defesa anunciou o recrutamento, pressionado por Gallant, que foi demitido por Netanyahu, para ajudar a "aliviar o fardo dos soldados", declarou ao The Times um alto funcionário do partido Judaísmo da Torá Unida, que faz parte do governo de coalizão. Israel que o Likud – o partido do primeiro-ministro – "declarou guerra" aos ultraortodoxos.
Tensão no Oriente Médio
Com o país envolvido em uma guerra na Faixa de Gaza e em conflito crescente com o Líbano, levando a sérias preocupações humanitárias, as decisões de Netanyahu na região têm causado tensões no mundo inteiro. Sem chegar a um acordo de cessar-fogo que valha, ele segue apostando todas as fichas nas ações militares, independentemente das consequências.
No final de outubro, começaram as negociações no Catar sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a troca de reféns mantidos pelo movimento palestino Hamas.
Nos últimos meses, essas conversas estão paradas, mas a recente eliminação do líder do Hamas, Yahya Sinwar, abriu uma janela de oportunidade para progresso no diálogo, de acordo com muitos políticos em Israel.
Em 7 de outubro de 2023, Israel foi alvo de um ataque de foguetes sem precedentes a partir da Faixa de Gaza. Depois disso, combatentes do Hamas se infiltraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram mais de 200 reféns.
Em resposta, Israel lançou uma grande operação contra a Faixa de Gaza, iniciando uma guerra que, de certa forma, acabou se espalhando pela região, principalmente para o Líbano, onde Tel Aviv trava um conflito com o grupo Hezbollah.
Pelas contas israelenses, 101 pessoas permanecem no cativeiro do Hamas em Gaza, incluindo algumas supostamente mortas.
Por meio de várias operações e esforços humanitários, 154 pessoas foram resgatadas, inclusive reféns mortos cujos corpos foram removidos do enclave.
Por Sputinik Brasil