Compasso de espera por corte de gastos impede Ibovespa de seguir alta em NY
A lateralização volta a dar o tom ao Ibovespa no começo da sessão desta quarta-feira, 13. Os investidores mantêm compasso de espera pelas propostas fiscais do governo federal sobre corte de gastos. Hoje, novas reuniões ministeriais estão programadas para acontecer e debater o assunto. Balanços de empresas brasileiras também ficam no foco, como CSN, Hapvida e CVC.
Enquanto isso o viés é de alta no mercado de ações em Nova York e houve recuo de 0,2% nas cotações do minério de ferro em Dalian, na China, e o petróleo passou a cair há pouco. Nos Estados Unidos, saiu o CPI. O índice de preços ao consumidor subiu 0,2% em outubro ante setembro. Na comparação anual, o CPI avançou 2,6% em outubro. Ambos vieram dentro do previsto.
Ainda hoje haverá falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). O dado e os discursos ficam no foco a cerca de um mês da última reunião de política monetária do Fed.
"Os dados vieram em linha, mas a taxa de inflação americana em 12 meses ainda está acima da meta do Fed, de 2%. Está um pouco longe", pontua Victor Furtado, head de alocação da W1 Capital. Assim, não gera grandes reprecificações nos ativos. "O mercado ainda está em dúvida, quando avaliamos as expectativas em relação ao juro americano entre corte de 0,25 ponto porcentual e manutenção na reunião do Fed em dezembro", completa Furtado.
Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, ressalta que o resultado do CPI - em linha com o esperado - é o primeiro dado a sair após a decisão do Fed na semana passada e depois de uma série de "surpresas positivas" com indicadores. Desta forma, dá certo alívio aos mercados, diz.
Hoje no Brasil foi divulgado que o volume de serviços prestados cresceu 1% em setembro ante agosto. O dado ficou no teto das expectativas colhidas na pesquisa do Projeções Broadcast. A alta é incapaz de estimular ações ligadas ao consumo no Índice da B3, em sua maioria, dado o viés de alta dos juros futuros.
Isso porque crescimento econômico se traduz em mais consumo, mais inflação no momento em que as expectativas estão desancoradas e deverão deixar a Selic em nível elevado por mais tempo do que o imaginado pelo mercado.
"É uma fava de dois gumes. O resultado forte do volume de serviços tende a se traduzir em mais consumo e isso é bom para as empresas, que tendem a vender mais. Porém mais consumo é mais inflação. Isso retroalimenta a expectativa de Selic mais alta", analisa Furtado, head de alocação da W1 Capital.
Contudo, o foco maior é no debate sobre a redução de despesas do governo que ainda não foi definida. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para apresentar as diretrizes do plano. Tem ainda encontro com o ministro da Defesa, José Múcio.
Apesar do viés positivo em Nova York, o Ibovespa opera mais para baixo. "Aqui, a questão fiscal vai e volta, com atraso na apresentação do plano o que gera desconforto", diz Ashikawa. "Nessa onde de expectativas, os mercados ficam cautelosos. Parece que as medidas só sairão após o G20", acrescenta o economista da Principal Claritas. De fato, o anúncio das medidas deverá ficar para depois da participação de Lula cúpula do G20, na semana que vem.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,14%, aos 127.698,32 pontos.
Às 11h34 desta quarta-feira, o índice cedia 0,19%, aos 127.458,81 pontos, após abrir em 127.698,32 pontos, com variação zero.