Mídia: Brasil é país que mais visita sites de apostas e pode sofrer impactos na economia
O jogo on-line se popularizou no Brasil após a legalização das apostas esportivas de cota fixa em 2018, colocando o país, com seus mais de 200 milhões de apaixonados por futebol, como o sétimo maior mercado em termos de receita.
Segundo depoimento oferecido ao jornal Folha de S. Paulo, um brasileiro comum, de nome Cláudio, atingido pelo câncer aos 30 e poucos anos, é um dos vários que se viciaram em sites de aposta. O que era um passatempo passou a ser um vício.
Com perdas acumuladas de R$ 200 mil (aproximadamente US$ 35 mil), ele deixou de pagar contas e teve a eletricidade de sua casa cortada, diz o material.
A falta de regulamentação favoreceu o crescimento de um vício generalizado, com potenciais consequências para a maior economia da América Latina, alertam economistas e profissionais da saúde.
Esse fenômeno ameaça reduzir o consumo, especialmente entre a população de baixa renda, de acordo com analistas e varejistas. A Associação Brasileira de Bancos também demonstrou preocupações com o endividamento gerado pelas apostas on-line.
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, expressou sua preocupação com o aumento das apostas, que pode começar a afetar o pagamento de empréstimos. "A relação entre o aumento das apostas e a população de baixa renda tem sido forte", disse ele recentemente. "Estamos começando a perceber que isso poderá impactar os índices de inadimplência."
O país sul-americano agora ocupa o primeiro lugar em visitas a sites de jogos de azar, com 15% do total global em 2024, segundo a provedora de análises SimilarWeb.
As bets
O nome que se popularizou no Brasil para definir as empresas vem do inglês e significa aposta. Do famoso tigrinho divulgado às casas esportivas que se popularizaram através do futebol, as bets utilizam um meio que facilita ainda mais a sua propagação: o digital, diferentemente de cassinos, jogo do bicho e lotéricas, em que é necessário ir até um local.
Dados divulgados pelo Banco Central recentemente escancararam o problema social gerado pela livre atuação das empresas no Brasil, que só agora começam a ganhar uma regulamentação: cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família já desembolsaram em pagamentos via Pix até agosto R$ 10,5 bilhões do benefício para pagamento de apostas.
Enquanto isso, as bets também têm se apropriado cada vez mais de uma paixão nacional para lucrar: o futebol.
Diversos times contam com patrocínio master de casas de apostas, e outros chegaram a lançar as próprias plataformas em parceria com as empresas.