MERCADO FINANCEIRO

Dólar fecha no nível de R$ 5,70 pela primeira vez desde 5 de agosto

Publicado em 25/10/2024 às 17:53
Dólar fecha no nível de R$ 5,70 pela primeira vez desde 5 de agosto Reproduçâo

O dólar à vista fechou na sexta-feira, 25, no nível de R$ 5,70 pela primeira vez desde 5 de agosto, com a divisão norte-americana ganhando força tanto entre pares fortes quanto entre divisões emergentes e exportadoras de commodities, em mais um dia de "Trump trade", com antecipação de uma possível vitória do republicano Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. A falta de novidades do governo brasileiro sobre possíveis cortes de gastos, levando à persistência de ruídos fiscais, a maior cautela sobre cortes de juros do Federal Reserve (Fed, BC norte-americano) e a frustração com as perspectivas de crescimento da China também não conseguiram radar.

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,75%, a R$ 5,7051, acumulando ganho de 0,11% na semana e de 4,73% no mês de outubro. Já o índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma de pares fortes, teve alta de 0,25% nesta sexta e de 0,79% ante sexta-feira passada, a 104.313 pontos.

Na avaliação do economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, a maior pressão no câmbio nesta sexta-feira é externa, com fortalecimento do dólar globalmente por dois motivos. “A primeira é eleição americana com mercado colocando risco de que o candidato republicano Donald Trump seja eleito. E o segundo é o fato de que dados americanos continuam vindo fortes desde a última reunião do Federal Reserve (Fed)”, comenta.

Lima observa que a valorização do dólar ante o real foi leve nesta semana, “praticamente estável”, enquanto o DXY teve alta mais expressiva. “Então acho que a pressão mais recente veio mais do exterior, embora aqui o governo não tenha feito nada para tirar nada a percepção de risco”, pondera.

No período da tarde, os ativos domésticos chegaram a piorar enquanto o mercado digeria falava do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a assinatura da revisão do acordo com as empresas envolvidas no desastre de Mariana. Na ocasião, o chefe do Executivo voltou a afirmar que os investimentos na área social não devem ser vistos como despesas, além de mencionar que o novo acordo sobre Mariana deve ficar como lição para que as mineradoras revejam as consequências da "ganância por lucro".

Os agentes monitoraram ainda fala do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que os recursos previstos no novo acordo de Mariana não estão sujeitos à "camisa de força" das regras fiscais.

Pela manhã, o diretor da Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, informou a incerteza sobre a política fiscal futura como um dos pontos que explicam a desancoragem das expectativas de inflação.

Outro fator monitorado pelo mercado cambial diz respeito à China, que anunciou nesta sexta-feira que fará um Congresso Nacional nos dias 4 a 8 de novembro, gerando expectativas de que mais medidas de estímulos sejam anunciadas.