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Mesmo com alta de 3,4% em Vale, Ibovespa cai 0,13% no dia e cede 0,46% na semana

Publicado em 25/10/2024 às 17:50
Mesmo com alta de 3,4% em Vale, Ibovespa cai 0,13% no dia e cede 0,46% na semana Reproduçâo

O bom suporte fornecido pela ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON - em alta de 3,40% após o balanço trimestral e o acordo sobre Mariana (MG) -, garantiu o fechamento perto da linha d'água para o índice da B3 nesta sexta -feira, 25, em baixa de 0,13%, aos 129.893,32 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou perda de 0,46%, após avanço de 0,39% na semana anterior que havia acontecido recuo de 1,37%. Assim, em outubro, que chega ao fim na próxima quinta-feira, cede 1,46%, colocando a perda do ano em 3,20%. O giro desta sexta-feira foi de R$ 19,8 bilhões.

Além de Vale, o Ibovespa contorno com o apoio da Petrobras (ON +1,00%, PN +0,70%) nesta última sessão da semana, em pregão negativo para outro setor de peso, o financeiro, com destaque, entre os grandes bancos, para Bradesco (ON -1,13%, PN -1,45%) e Itaú (PN -1,12%). Na ponta perdedora do Ibovespa, IRB (-6,49%), Carrefour (-6,16%) e Hypera (-5,55%). Na face oposta, ao lado da Vale, destaque para CVC (+5,05%) e Bradespar (+3,03%), bem como para Usiminas (+4,24%) e Suzano (+2,79%), que também divulgaram resultados trimestrais.

"A Vale e Usiminas registraram balanços líquidos trimestrais sólidos, com lucros significativos que superaram as expectativas do mercado. A Vale registrou lucro de US$ 2.412 bilhões no terceiro trimestre e anunciou um acordo importante para os acessórios do acidente da Samarco, o que trouxe mais confiança aos investidores", diz Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.

"O resultado da Vale veio 15% abaixo do mesmo trimestre do ano anterior, mas acima do que os analistas esperavam para o período, o que deu ânimo para alta que chegou a superar 4% na ação. E a novela de Mariana chegou ao fim dentro do que o mercado esperava”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que o acordo firmado nesta sexta-feira no Brasil, relativo aos veículos pesados ​​da tragédia ocorrida em 2015, em Mariana, Minas Gerais, demonstrou que a jurisdição correta de negociação é o Brasil. “Hoje conseguimos corroborar isso, que a jurisdição correta para se fazer o acordo é o Brasil”, afirmou Pimenta em videoconferência para comentar o balanço da empresa.

Para Bruna Centeno, sócia e assessora da Blue3 Investimentos, em dia de agenda externa vazia, o desempenho da Vale ON foi fundamental para garantir alguma estabilidade para o Ibovespa neste fechamento de semana, em sessão exclusivamente negativa para outros pesos-pesados ​​do índice - e de dólar ainda pressionado, assim como a curva de juros doméstica, em meio às incertezas fiscais.

Dessa forma, para além de números corporativos bem recebidos pelo mercado nesta sexta-feira, o dia foi pautado, na B3, pelas persistentes dúvidas em relação à condução das contas públicas pelo governo, após a trégua do dia anterior, no mercado. Se, na quinta-feira, as palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de respeito ao arcabouço fiscal tiveram algum problema, nesta sexta o tom no Planalto foi outro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou publicamente de seus ministros que estão prontos a apresentar projetos de uso dos recursos do novo acordo sobre o desastre de Mariana. “Se não dermos conta do recado, daqui a 20 meses aquilo que hoje é festejado como o maior acordo já feito, vai ser cobrado do governo como a pior coisa que já aconteceu”, afirmou.

Por sua vez, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que os recursos previstos no novo acordo de Mariana não estarão sujeitos à "camisa de força" da regra fiscal, em referência às limitações de gastos previstas na regra de controle das contas públicas.

No agregado, as mensagens do dia foram lidas pelo mercado como reiteração de que o governo continuou direcionado a uma agenda de projetos que justificam gastos, em detrimento da contenção de despesas para haver equilíbrio fiscal - o que contribuiu, nesta sexta-feira, para a alta do dólar (+0,75%, a R$ 5,7051 no fechamento) e para pressão adicional na curva de juros doméstica.

"Houve hoje uma reversão do movimento positivo que tivemos na quinta-feira. A atenção tem se voltado para a agenda de revisão de gastos prometida pelo ministro Haddad, que pode trazer novidades na semana que vem, passado o segundo turno das eleições municipais neste domingo “O pano de fundo ainda é a cautela relacionada à situação fiscal, pendente quanto ao pacote que vier a ser anunciado, muito importante para que se melhore a confiança e traga a descompressão aos ativos”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

Apesar das incertezas, o mercado financeiro está mais otimista quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo. É o que mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 42,86% disseram esperar que a próxima semana seja de ganhos para o Ibovespa, contra 28,57% na edição anterior, enquanto a fatia dos que acreditam em queda de 28,57% para 14,29%. A parcela que prevê estabilidade manteve-se em 42,86%.