Após um pregão volátil, o dólar fechou em nível alto ante o real, decorrente de um cenário externo mais adverso para moedas emergentes e enquanto o mercado cobra medidas concretas por parte do governo sobre o cenário fiscal. A possibilidade de que o ex-presidente Donald Trump voltasse à Casa Branca com maior protecionismo e a incerteza sobre a taxa terminal de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pesaram, com o peso mexicano tendo um pior desempenho entre divisas emergentes e exportadoras de commodities. No cenário interno, falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterando compromisso com o arcabouço fiscal trouxeram interrupção, mas apenas pontual, na sessão.

O dólar à vista fechou em alta de 0,14%, a R$ 5,6651. Por volta das 17h40, o contrato para novembro subia 0,21%, a R$ 5,6720. O DXY, que mede a divisa americana antes de uma cesta de pares fortes também avançou (+0,29%), a 103.561 pontos, no maior nível desde agosto.

O cenário externo é o maior fator de pressão para o real nesta quarta-feira, na avaliação de Hideaki Iha, operadora de câmbio da Fair Corretora. “O mercado está reavaliando a expectativa sobre o Fed e isso está pegando, enquanto também há chance de que o Trump ganhe a eleição americana, o que embutiria maior taxação em cima de guerra comercial”, afirma.

A possibilidade de que o Fed diminua o ritmo de corte na taxa de juros bem como as propostas mais protecionistas de Trump tendem a diminuir a atratividade de divisas emergentes, como é o caso do real.

Esses dois fatores levaram a Western Asset a elevar sua projeção de câmbio para o final deste ano de R$ 5,40 com viagens de alta para R$ 5,50, com manutenção das viagens de alta. “Nesse balanço de risco, pensamos que o real deve se depreciar mais do que o esperado anteriormente. Mas ainda vemos uma acomodação no patamar abaixo do que se prevalece hoje”, diz Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.

Na parte da tarde, falas de Haddad negando que as empresas estatais sairão do arcabouço fiscal e que o marco terá "vida longa" chegou a contribuir para que o real testasse nível alto, mas o movimento não se manteve. Para Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos, a fala de Haddad ajudou em termos de expectativas, de que o governo irá cumprir com o arcabouço, mas o "mercado ainda não tem segurança total porque ainda não foram anunciadas medidas concretas".

Ainda assim, a valorização do dólar ante o real nesta quarta foi bem menos expressiva do que a vista no peso mexicano que, de longe, teve um pior desempenho entre a cesta de moedas emergentes e exportadoras de commodities. Às 17h40, a divisa norte-americana subia 0,99% ante o peso mexicano, acumulando alta de cerca de 4% no mês de outubro e de 17% no ano.