ARAPIRACA

Do início, com bazar de miudezas à Confecções Vera Cruz, seu Olívio marcou época no comércio de Arapiraca

Por Patrícia Bastos Ascom Sindilojas Arapiraca Publicado em 12/09/2024 às 17:15
Patrícia Bastos Ascom Sindilojas Arapiraca Reprodução

Série de Especiais: Centenário do Comércio de Arapiraca

Durante mais de quatro décadas, Olívio Cícero da Silva (1932-2020) testemunhou as transformações do comércio e da cidade de Arapiraca a partir de sua loja Confecções Vera Cruz, que começou como um bazar de miudezas na Rua 30 de Outubro e, posteriormente, chegou a ter dois pavimentos com produtos masculinos muito procurados por senhores que buscavam elegância e tradição na hora de se vestir.

Nascido em Porto Real do Colégio, chegou a trabalhar em lavouras no município de Rancharia, interior de São Paulo, seguindo os passos do irmão mais velho, Zacarias. Mas, aos 17 anos, já pensava em empreender e escolheu Arapiraca, cujo comércio já era conhecido como o mais forte do interior de Alagoas, para montar seu negócio.

Após juntar economias provenientes do serviço como trabalhador rural, retornou a Arapiraca com o objetivo de abrir seu comércio em 1958. Antes disso, montou uma padaria em Junqueiro, que funcionou por dois anos.

Em 1960, decidiu empreender abrindo um bazar de miudezas na Rua 30 de Outubro e passou a levar também seus produtos para vender na feira da Vila Craíbas dos Nunes, onde conheceu Josélia Barbosa da Silva, com quem se casou dois anos depois. Do matrimônio nasceram Albino Olívio Barbosa da Silva, Nancy de Fátima Barbosa Silva, Alvanir Meire Barbosa Silva e Claudênia Maria Barbosa Silva.

Com a esposa Josélia, veio a concretização da Confecções Vera Cruz, loja especializada em artigos masculinos, um dos mais tradicionais estabelecimentos na Praça Bom Conselho, aberta no mesmo ano. A loja começou pequena e a família, recém-formada, morava nos fundos do estabelecimento.

Albino Olívio Barbosa da Silva, filho mais velho do casal, lembra que no começo seu Olívio precisava fazer viagens para comprar mercadorias em São Paulo, a única forma de trazer peças de vestuário e acessórios para vender em Arapiraca. Nestes períodos em que o patriarca estava fora, era dona Josélia quem tomava conta da loja.

“Depois, quando surgiram os representantes comerciais, ficou mais fácil. Ele fazia encomendas e os produtos eram enviados, então ele deixou de comprar apenas em São Paulo. Comprava também em Londrina e em Manaus, para onde viajou algumas vezes”, relembra o filho. Como era um bom negociante, às vezes recebia convites dos representantes comerciais e um deles ficou na memória. “Na época da inauguração da Zona Franca de Manaus, recebeu um convite e viajou para conhecer uma das fábricas e passou a fazer encomendas de lá com um representante”, conta.

O auge da cultura fumageira em Arapiraca foi também o período em que seu Olívio ampliou a loja, construindo um prédio de dois pavimentos e usando parte dele para alugar salas comerciais, apostando na grande procura por espaços no coração do comércio da cidade.

“Naquela época, as festas de outubro, quando se comemora o aniversário de emancipação de Arapiraca, coincidiam com o período da safra do fumo e da agricultura, e pouco depois já vinha o Natal. Era um período de movimento muito bom, não só para as pessoas de Arapiraca, como também para moradores de cidades vizinhas que vinham fazer compras. Era preciso até contratar funcionários temporários, e foi assim que ele se capitalizou para fazer a ampliação da loja”, conta.

Seu Olívio e dona Josélia, apesar de terem começado a trabalhar cedo, sempre buscaram as melhores oportunidades para que os filhos pudessem estudar e ter uma formação universitária. Albino, como o mais velho, foi o primeiro a sair de casa. Aos 15 anos, foi fazer o ensino médio em escola particular de Maceió e depois faculdade em Recife (PE), e as três irmãs seguiram o mesmo caminho nos anos seguintes

“Como fui o primeiro a sair de casa, geralmente não apareço muito nas fotografias feitas na loja, onde aparecem minhas irmãs. Mas, quando eu estava de férias, voltava para Arapiraca para trabalhar. Ganhava meu dinheiro de comissão das vendas que fazia e era responsável também por toda a movimentação bancária da loja”, relata.

Seu Olívio permaneceu à frente do comércio por 42 anos, quando resolveu se aposentar, mas a Confecções Vera Cruz existiu até 2000, vinte anos antes do falecimento do fundador, em 2020.

“Diante desses relatos, considero meu pai um visionário. Tudo o que ele sonhou e acreditou tornou-se realidade. A cidade de Arapiraca, com seu crescimento e desenvolvimento, foi uma parceira e contribuiu muito em tudo o que ele e minha mãe conquistaram”, afirmou Albino.

Da esquerda para direita, na frente da loja: Alvanir Meire (filha), Olívio Cícero da Silva, Nancy de Fátima (filha), Claudênia Maria (filha) e Dênia Valéria (sobrinha). Crédito: arquivo familiar

José Barbosa dos Santos (cunhado), Domingos Barbosa dos Santos (sogro), Josélia Barbosa da Silva (mãe), Alvanir Meire (filha) e Olívio Cícero da Silva. Crédito: arquivo familiar