Dólar está instável ante real com iene forte, petróleo fraco e recuo de juro de Treasuries
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O dólar no mercado à vista apresenta volatilidade na manhã desta segunda-feira, 19. Rodava perto da estabilidade, após o sinal negativo visto nos primeiros negócios e de ganhar força e subir de forma pontual ante o real. A valorização do iene nesta manhã pode estar pesando contra algumas moedas de países emergentes que pagam juros altos, como o real e em especial o peso mexicano, que segue em baixa ante o dólar afetado ainda pelas perdas do petróleo.
Os ajustes no câmbio podem estar tendo como pano de fundo ainda as incertezas sobre questões fiscais na reta final das negociações da proposta de desoneração da folha de pagamentos de empresas no Congresso. E a crise entre Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) é acompanhada com atenção, após o plenário da Corte validar a liminar do ministro Flávio Dino e suspender as emendas impositivas.
Em retaliação, o presidente da Câmara, Arthur Lira, deu andamento a duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs). Uma restringe decisões monocráticas; a outra autoriza o Congresso a cassar decisões do tribunal. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Caroline de Toni (PL-SC), declarou que dará "a máxima celeridade" às duas PECs que limitam o poder do STF.
O governo quer acabar com as emendas parlamentares de comissão, que substituíram o orçamento secreto, e transferir parte desse dinheiro para o PAC. Outro foco de atenção no governo é na elaboração do Orçamento de 2025, que provocou uma crise entre ministérios, com ameaças de paralisia de atividades e serviços públicos em função dos cortes planejados pela equipe econômica.
Os investidores locais avaliam ainda o Boletim Focus, do Banco Central, enquanto aguardam palestra do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo (12h30), cotado para substituir Roberto Campos Neto à frente do BC a partir de 2025. No câmbio,
O Focus mostrou que o mercado manteve a projeção de 10,5% para a taxa Selic no final deste ano, visão que destoa das apostas do mercado e da avaliação de economistas ouvidos na última sexta-feira pelo BC, com alguns defendendo elevação de até 2 pontos porcentuais na taxa básica até o final do ano. Para 2025, porém, o mercado elevou de 9,75% para 10% a projeção da Selic.
Ainda de acordo com o Focus, a mediana do IPCA de 2024 subiu de 4,20% para 4,22% e a de 2025 foi reduzida de 3,97% para 3,91%. A projeção para o dólar neste ano subiu de R$ 5,30 para R$ 5,31 e para 2025 foi mantida em R$ 5,30. A projeção de PIB 2024 atualizada nos últimos 5 dias úteis subiu de 2,24% para 2,30%; e a projeção de PIB 2025 atualizada nos últimos 5 dias úteis passou de 1,92% para 1,85%.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) desacelerou em seis das sete capitais pesquisadas na segunda quadrissemana de agosto, informou mais cedo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador fechou a semana com variação de 0,31%, desacelerando ante a primeira quadrissemana do mês (0,54%).
Lá fora, os rendimentos dos Treasuries e o dólar seguem em baixa em meio à espera da ata do Federal Reserve, na quarta-feira, 21, e do seminário de Jackson Hole, nos Estados Unidos, em especial o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, 23. Na última sexta, 16, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, sinalizou que estaria aberto a reduzir taxas de juros na próxima reunião do banco central dos EUA, em setembro, devido à crescente possibilidade de que o mercado de trabalho se enfraqueça demais. "O equilíbrio dos riscos mudou, então é apropriado o debate sobre um possível corte das taxas em setembro", disse Kashkari em entrevista.
Às 9h46 desta segunda, o dólar à vista tinha viés de baixa de 0,02%, a R$ 5,4665. O dólar para setembro recuava 0,19%, a R$ 5,4765.