Ibovespa cai 0,64%, aos 126,1 mil pontos, com Vale e Petrobras
BOLSAS/IBOVESPA
Na véspera de deliberação sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, o Ibovespa emendou nova perda, desta vez de 0,64%, aos 126.139,21 pontos. O dia foi de recuo generalizado entre as ações de primeira linha, como as de commodities e do setor financeiro. O giro se manteve moderado na B3, a R$ 17,0 bilhões. Faltando a sessão de amanhã para o fechamento de julho, o Ibovespa ainda acumula ganho de 1,80% no mês. Na semana, cede 1,06% e, no ano, recua 6,00%.
A terça-feira (30) negativa para o petróleo e o minério resultou em queda para Vale (ON -2,21%, quase na mínima da sessão no fechamento) e para Petrobras (ON -0,73%, PN -0,62%), no dia seguinte à divulgação do relatório de produção e vendas da estatal referente ao segundo trimestre. Entre os grandes bancos, a sessão também foi de perdas, à exceção de Santander (Unit +0,81%). Na ponta do Ibovespa, destaque para Usiminas (+4,63%), Embraer (+4,26%), Marfrig (+2,95%) e JBS (+2,92%). No lado oposto, São Martinho (-4,41%), Lojas Renner (-3,55%) e Cogna (-3,21%).
"O dólar fortalecido, ainda em região elevada, perto de R$ 5,62, é um movimento que conversa com o que se vê lá fora, mas também com a questão fiscal doméstica. Na B3, essa tendência do dólar favorece as ações de exportadoras, como se viu em parte hoje na Bolsa, em dia majoritariamente negativo para as componentes do Ibovespa - embora com ajustes em geral moderados", diz Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
"O cenário-base ainda é de recuperação para o Ibovespa que, em dólar, continua bastante descontado. Mas há variáveis externas importantes para o médio prazo, como o sinal que o Federal Reserve poderá dar sobre os juros americanos, fundamental para saber se a tendência de retomada da Bolsa, vista a partir de meados de junho, será mantida ou se prevalecerá o ajuste mais recente, no sentido de cautela maior", acrescenta o operador, observando que a perspectiva externa é vital para que haja retomada de fluxo que ampare a progressão do Ibovespa.
"Há um receio natural em semana repleta de decisões de política monetária", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. Além de Brasil e Estados Unidos, a semana traz também deliberações sobre juros no Japão e no Reino Unido, que afetam moedas importantes, como o iene e a libra, respectivamente. "Aqui, o mercado tem trabalhado com a ideia de Selic a 10,50% até o fim do ano, sem mudança na decisão desta semana. E, nos Estados Unidos, a perspectiva para corte de juros está mantida para o mês de setembro", acrescenta.
Levantamento realizado pelo BTG Pactual para medir o sentimento dos investidores avaliou que, de modo geral, o mercado concorda que o Ibovespa está barato, mas o apetite por risco permanece restrito, com a maioria dos entrevistados definindo seus níveis de sentimento como "neutros" (48%), reporta a jornalista Isabela Mendes, do Broadcast. A pesquisa mostrou que 76% dos entrevistados estão com posições de caixa semelhantes ou superiores aos níveis históricos, o que, conforme o banco, indica "posicionamento cauteloso".
Nesse contexto, na mínima do dia, à tarde, então abaixo dos 126 mil pontos, o índice da B3 se alinhou à piora em Nova York. No noticiário do exterior, destaque para a confirmação de bombardeio, feito por Israel, a um subúrbio de Beirute, capital do Líbano, em que procurou atingir o comandante do Hezbollah que seria o responsável por ataques do último fim de semana, segundo comunicado das forças armadas israelenses na rede X.
"No momento, não há alterações nas diretrizes defensivas. Se alguma alteração for feita, uma atualização será divulgada", acrescenta a nota. No piso da tarde, o Ibovespa foi aos 125.972,91 pontos, com máxima na sessão a 126.950,76, correspondente ao nível de abertura. Uma autoridade sênior de Israel disse que não se quer guerra de larga escala com o Líbano, em entrevista ao canal israelense N12 TV. "Terminamos a resposta. Não temos intenção de começar uma guerra", disse.
O alvo da operação era Haj Mohsin, chefe de divisão do Hezbollah responsável pelo ataque do último sábado nas Colinas de Golã.
No noticiário doméstico, destaque à tarde para os mais recentes dados sobre geração de empregos. A abertura líquida de 201.705 vagas de trabalho com carteira assinada em junho, no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foi novamente puxada pelo desempenho do setor de serviços, com a criação de 87.708 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 33.142 vagas.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que a geração de vagas registrada neste ano está dentro do padrão, apesar de ter avaliado que o desempenho poderia ser melhor se o Banco Central tivesse reduzido a taxa de juros de forma mais acelerada. Ele reiterou que o "centro da meta" é atingir o saldo de 2 milhões de vagas no acumulado do ano.
Para Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, o Comitê de Política Monetária (Copom), que anuncia amanhã a decisão sobre a Selic, deve manter o nível da taxa de juros até o término da gestão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no fim do ano.
"Os desafios do ambiente econômico são similares aos enfrentados na última ata do Copom", aponta o economista, em nota. "No ambiente externo, vemos bancos centrais buscando a convergência das respectivas inflações às metas, dentro de um cenário ainda pressionado pelo mercado de trabalho e por dados de atividade econômica que precisam ser melhorados", acrescenta.
No plano doméstico, "os dados recentes do IPCA não possuem força para indicar novas reduções da taxa até o final do ano", aponta Simioni, observando também que o Copom tem destacado, nas atas, a importância de reancorar as expectativas de inflação, optando pela manutenção da taxa de juros em 10,50% pelo tempo que for necessário.