Dólar recua de olho em eleição nos EUA e China antes de relatório fiscal
MERCADO; DÓLAR
O dólar opera em baixa na manhã desta segunda-feira, 22, em meio ao bom humor externo após a desistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de concorrer à reeleição, e do corte de juros na China. O Ibovespa futuro subia 0,46%, aos 128.490 pontos, após abertura positiva. A moeda americana fechou em alta, cotada a R$ 5,60 na sexta-feira, 19.
Lá fora, as bolsas europeias e os índices futuros em Nova York sobem, enquanto os juros longos dos Treasuries recuam e a moeda americana cai frente pares principais. A expectativa nos EUA é de que a vice-presidente, Kamala Harris, ganhe a indicação do partido Democrata para disputar a eleição de novembro com o ex-presidente Donald Trump. O dólar exibe ainda quedas ante moedas emergentes e ligadas a commodities pares do real.
Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar na última quinta-feira, 18, o bloqueio de R$ 15 bilhões para cumprimento do arcabouço fiscal neste ano, o mercado aguarda detalhamento do contingenciamento, que pode ser parcial hoje no relatório de receitas e despesas. O detalhe do congelamento para cada um dos ministérios e órgãos federais só deve sair no dia 31, apurou o Estadão/Broadcast. Até lá, o governo pode negociar a distribuição dos R$ 15 bi de corte entre os ministérios. Hoje, é esperada a divulgação da evolução de gastos com BPC e seguro-desemprego, que vem aumentando; frustrações de receita; mudança de expectativa de receita (deve haver revisão para baixo), e como a desoneração entrará na conta este ano.
Técnicos do Legislativo avaliam que ao mirar o resultado primário no limite inferior do arcabouço fiscal, ou seja, em um déficit de até 28,8 bilhões, a equipe econômica "queima" o primeiro seguro autorizado pelo Congresso para a obtenção do centro da meta, estabelecida em déficit zero este ano. Como mostrou o Estadão/Broadcast, os R$ 3,8 bilhões do orçamento que serão contingenciados pelo governo serão suficientes apenas para colocar a projeção de resultado primário no limite inferior da meta fiscal.
O mercado local olha ainda o Boletim Focus. Houve piora das expectativas de inflação: a mediana das estimativas para IPCA de 2024 subiu de 4% para 4,05%, mas para 2025, segue em 3,90%. A projeção suavizada do IPCA 12 meses à frente sobe de 3,68% para 3,74%.
Economistas do mercado financeiro não mudaram as suas expectativas para a política fiscal após o governo ter anunciado o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas este ano. A mediana do relatório Focus para o déficit primário de 2024 continuou em 0,70% do PIB, como já estava havia um mês.
Mesmo considerando apenas as 27 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a projeção também se manteve em 0,70% do PIB. A mediana para dólar no fim de 2024 subiu a R$ 5,30 e vai a R$ 5,23 em 2025. O mercado manteve as projeções de Selic em 10,5% no fim de 2024 e 9,5% no fim de 2025.
A agenda da semana traz ainda IPCA-15 de junho e nota do setor externo, na quinta-feira, além de nota de crédito de junho, primário do Governo Central, relatório mensal da dívida, na sexta-feira. No exterior, os destaques são o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do 2º trimestre (quinta) e principalmente o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed), na sexta-feira, mesmo dia em que será revelado o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan com expectativas de inflação.
Às 9h35 desta segunda-feira, o dólar à vista caía 0,48%, a R$ 5,5769. O dólar para agosto recuava 0,61%, a R$ 5,5840.