Cautela pós-Copom instiga queda firme do Ibovespa ao nível dos 127 mil pontos
Bolsas; Ibovespa
Apesar da alta moderada da maioria das bolsas dos Estados Unidos na manhã desta quinta-feira, 9, o placar dividido na decisão da quarta-feira, 8, do Comitê de Política Monetária (Copom) pesa no Ibovespa. O que ajuda a atenuar o recuo do Índice Bovespa é a mudança para cima nas cotações do petróleo e consequente alteração para alta nas ações da Petrobras. Os papéis da Vale também avançam, em meio a dados positivos da balança comercial de abril da China, a apesar do recuo de 1,65% do minério de ferro, em Dalian.
A safra de balanços farta no Brasil também fica no radar, em dia de agenda de indicadores esvaziada. Nos EUA, destaque apenas aos pedidos de auxílio-desemprego. Houve alta de 22 mil, a 231 mil, na semana, ante previsão 213 mil, o que ajuda a aliviar as bolsas americanas.
Isso porque pode retomar as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) poderá começar a cortar os juros neste ano, de certa forma podendo atenuar as pressões no Banco Central brasileiro. Assim, a maioria dos rendimentos dos Treasuries reduzia o ritmo de queda vista mais cedo, mas os juros futuros no Brasil, não.
De todo modo, o Copom da véspera é o que norteia o Ibovespa. Mais do que a definição do recuo de 0,25 ponto porcentual na Selic, para 10,50% ao ano, os investidores avaliam o placar de 5 votos favoráveis ao corte de fato consumado e quatro por um novo ajuste de -0,50 ponto. A última vez que houve tamanha divisão foi na reunião de agosto de 2023, quando teve início o atual ciclo de baixa, relembra em nota a MCM Consultores.
Agora, crescem as expectativas pela divulgação da ata do Copom, na terça-feira. "A ata trará os argumentos da ala perdedora, composta pelos diretores indicados pelo presidente Lula", cita a MCM.
O corte de 0,25 ponto da Selic, após recentes quedas de meio ponto, foi bem fundamentada, dado que há muita incerteza internacional e não está claro ainda o momento de redução do juro nos EUA, na opinião de Gustavo Corradi Matos, economista e CIO da Medici Asset. A Selic passou de 10,75% para 10,50% na véspera.
No Copom, o dissenso de 5x4 teve o voto a favor de queda de 0,50 ponto os diretores indicados do atual governo, caso de Gabriel Galípolo, o principal indicado do governo para ocupar a vaga do presidente Roberto Campos Neto no comando do BC. "Ficou claro nessa divergência que pode ter até alguma pressão política", descreve Matos.
Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, diz que já esperava redução no ritmo de queda da Selic e uma divisão na votação, dada demora dos Estados Unidos em começar a diminuir seus juros básicos, no momento de inflação ainda resiliente por lá.
"Os EUA têm ditado o rumo dos mercados", diz, ponderando, contudo, que a divisão no Copom sugere um BC um pouco mais complacente com a inflação na próxima gestão. "E é importante ficarmos atentos aos efeitos do desastre no Rio Grande do Sul, que pode gerar mais inflação, menos arrecadação e pressionar o fiscal", completa Glaciano.
Às 11h05, o Ibovespa caía 1,58%, aos 127.432,57 pontos, após recuar 1,63%, na mínima, e ante máxima aosd 129.467,87 pontos (-0,01%), mesmo nível da abertura. Ontem, o índice à vista subiu 0,21%, fechando aos 129.480,89 pontos, dado que a decisão do Copom saiu depois.
Vale subia 0,58% e Petrobras avançava entre 0,22% (PN) e 0,69% (ON). Entre as quedas, Banco do Brasil perdia 2,88%, mesmo após informar lucro dentro do esperado no primeiro trimestre.