Astrônomos utilizam telescópio Gaia para investigar matéria escura no Universo
Estudo sugere que dados do Gaia podem revelar objetos exóticos, como estrelas de bósons e Q-bolas, candidatos à matéria escura.
Astrônomos propõem utilizar os dados do telescópio espacial Gaia para identificar potenciais objetos exóticos e escuros — como as chamadas estrelas de bósons — que podem compor a matéria escura, detectando sua presença por meio de súbitos "saltos" na posição de estrelas distantes.
Segundo um novo estudo, objetos astrofísicos exóticos e invisíveis podem estar espalhados pelo espaço interestelar. A proposta dos pesquisadores é monitorar estrelas com extrema precisão em busca de sinais sutis causados pela passagem desses corpos misteriosos.
A matéria escura permanece como um dos grandes enigmas da cosmologia. Embora sua existência seja sustentada por múltiplas evidências indiretas — como a rotação das galáxias e a formação das maiores estruturas do Universo —, as tentativas de identificar suas partículas ainda não tiveram sucesso, abrindo espaço para hipóteses inovadoras.
Entre essas hipóteses está a ideia de que a matéria escura pode não ser composta por partículas minúsculas, mas por grandes aglomerados. O estudo recente destaca dois candidatos principais: as estrelas de bósons e as Q-bolas, ambos classificados como objetos escuros exóticos.
As estrelas de bósons seriam formadas por partículas extremamente leves, que se comportam como ondas em escala galáctica, agrupando-se sob sua própria gravidade e formando estruturas estáveis sem colapsar.
Já as Q-bolas surgiriam de um campo quântico que permeia o Universo, podendo se fragmentar e formar grandes "grumos" estáveis que vagariam pelo cosmos como bolhas densas em um fluido.
Apesar de terem dimensões comparáveis às de estrelas, esses objetos não emitem luz, tornando-se praticamente invisíveis. Contudo, sua intensa gravidade pode ser detectada através de microlentes gravitacionais, fenômeno que faz com que estrelas distantes pareçam "saltar" momentaneamente de posição.
Os autores sugerem que o telescópio Gaia, que monitora bilhões de estrelas ao longo de anos, pode ser capaz de identificar esses saltos característicos. Caso esses objetos existam em grande quantidade, o Gaia já pode ter registrado milhares desses eventos.
Mesmo que nenhum sinal seja detectado, a pesquisa contribuirá para impor limites mais rígidos sobre o papel das estrelas de bósons e Q-bolas na composição da matéria escura. Em qualquer cenário, a busca pelo invisível promete trazer novas revelações sobre o Universo.