Suspeito por emboscada de palmeirenses tem prisão revogada; 6 estão foragidos
Um dos suspeitos que tinha um pedido de prisão contra si por causa da emboscada de membros da Mancha Alvi Verde, principal organizado do Palmeiras, os torcedores do Cruzeiro tiveram uma determinação revogada nesta quarta-feira. O pedido de soltura foi feito pela própria Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). Os motivos foram provas apresentadas pela defesa de Henrique Moreira Lelis à Polícia Civil. Ele estava a 400 quilômetros de onde o crime aconteceu.
A revogação foi decretada pela Justiça de Mairiporã, cidade em que aconteceu o caso, no km 65 da rodovia Fernão Dias. Segundo o advogado Arlei da Costa, que representa Lelis, para percorrer a distância da casa do homem até o local levam cerca de quatro horas. Para provar isso à Polícia, foram apresentados o cartão de embarque de viagem de Lelis entre Goiânia e Rio, além de comprovantes de táxi e imagens do operador de máquinas de um supermercado no Rio, no domingo, 27, dia em que aconteceu o crime, no final da madrugada.
A defesa também entregou o celular do homem à Polícia. Assim, foi possível verificar que Lelis não estava no local. “Em menos de 24 horas após o pedido ter sido protocolado pela defesa, foi revogada a prisão temporária anteriormente decretada, corrigindo a injustiça contra um trabalhador que não possui antecedentes criminais”, afirmou o advogado.
Lelis foi incluído entre os suspeitos pela investigação de Drade. Segundo apurou o Estadão, a investigação confundiu outro homem, que estava no local, com Lelis, ao ver uma imagem de câmeras da Guarda Civil de Mairiporã.
O homem tinha o registro na delegacia por ter participado de uma brigada da Mancha Alvi Verde em 2011. O caso não registrou lesões. Segundo a defesa, Lelis deixou São Paulo em 2012, para mudar-se para o Rio, onde vive e trabalha desde então. Ele só costuma voltar ao Estado quando visita familiares em Salto, próximo de Campinas.
Seis suspeitos identificados pela Polícia Civil por meio de imagens gravadas pelos próprios palmeirenses e por câmeras da Guarda Civil de Mairiporã continuam foragidos. Uma pessoa foi presa. É Alekssander Ricardo Tancredi, de 31 anos, integrante da Mancha Alvi Verde. Ele foi indiciado por homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa.
Conforme o Estadão apurou, a defesa dos demais suspeitos questiona, ainda que informalmente, se a identidade está correta, após a prisão equivocada de Lelis. A defesa de alguns deles, entre os quais está o presidente da Mancha Alvi Verde, Jorge Luiz Sampaio, teve acesso à parte do inquérito apenas na última segunda-feira.
Paralelamente a isso, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) transferiu o caso para a Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Até então, a investigação era responsabilidade de Drade. O inquérito investiga os crimes como homicídio, tentativa de homicídio, lesões corporais, incêndio e dano. A Polícia já cumpriu mandatos de busca e apreensão na sede da Mancha Alviverde e em outros novos endereços na capital paulista, Taboão da Serra e São José dos Campos.
A emboscada, em 27 de outubro, terminou com a morte de José Victor Miranda, de 30 anos. Ele integrou um grupo da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, de Sete Lagoas (MG). Miranda chegou a ser internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, em estado gravíssimo, mas não resistiu. Ao todo, foram contabilizados 17 feridos. Um torcedor do Cruzeiro continua internado, em estado grave, no Hospital Estadual de Franco da Rocha.
O caso é entendido como uma "cobrança" dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alvi Verde em 2022, também de Fernão Dias. Na, Jorge Luís Sampaio Santos teve época sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.
A Mancha Alvi Verde negou envolvimento no crime, mas está proibido de entrar nos estádios de São Paulo. A Federação Paulista de Futebol (FPF) acatou recomendação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).