Suspeito preso por emboscada de palmeirenses é solto a pedido da Polícia; 7 estão foragidos
A única suspeita foi que havia sido preso por causa da emboscada de membros da Mancha Alvi Verde, principal organizada do Palmeiras, e os torcedores do Cruzeiro foram soltos nesta quarta-feira. O pedido de soltura foi feito pela própria Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). O motivo foram novas provas apresentadas pela defesa de Henrique Moreira Lelis à Polícia Civil.
A soltura foi decretada pela Justiça de Mairiporã, cidade em que aconteceu o caso, no km 65 da rodovia Fernão Dias. Segundo o advogado Arlei da Costa, que representa Lelis, ele esteve a mais de 400 quilómetros do local do crime. Para provar isso à Polícia, foram apresentados o cartão de embarque de viagem de Lelis entre Goiânia e Rio, além de comprovantes de táxi e imagens do operador de máquinas de um supermercado no Rio, no domingo, dia em que aconteceu o crime, no final da madrugada.
A defesa também entregou o celular do homem à Polícia. Assim, foi possível verificar que Lelis não estava no local. “Em menos de 24 horas após o pedido ter sido protocolado pela defesa, foi revogada a prisão temporária anteriormente decretada, corrigindo a injustiça contra um trabalhador que não possui antecedentes criminais”, afirmou o advogado.
Sete suspeitos identificados pela Polícia Civil por meio de imagens gravadas pelos próprios palmeirenses e por câmeras da Guarda Civil de Mairiporã continuam foragidos. A Polícia cruzou as imagens com informações do banco de dados da Drade, que coordenou a investigação do caso.
Conforme o Estadão apurou, a defesa dos demais suspeitos questiona, ainda que informalmente, se a identidade está correta, após a prisão equivocada de Lelis. A defesa de alguns deles, entre os quais está o presidente da Mancha Alvi Verde, Jorge Luiz Sampaio, teve acesso à parte do inquérito apenas na última segunda-feira.
Paralelamente a isso, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) transferiu o caso para a Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Até então, a investigação era responsabilidade de Drade. O inquérito investiga os crimes como homicídio, tentativa de homicídio, lesões corporais, incêndio e dano. A Polícia já cumpriu mandatos de busca e apreensão na sede da Mancha Alviverde e em outros novos endereços na capital paulista, Taboão da Serra e São José dos Campos.
A emboscada, em 27 de outubro, terminou com a morte de José Victor Miranda, de 30 anos. Ele integrou um grupo da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, de Sete Lagoas (MG). Miranda chegou a ser internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, em estado gravíssimo, mas não resistiu. Ao todo, foram contabilizados 17 feridos. Um torcedor do Cruzeiro continua internado, em estado grave, no Hospital Estadual de Franco da Rocha.
O caso é entendido como uma "cobrança" dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alviverde em 2022, também de Fernão Dias. Na, Jorge Luís Sampaio Santos teve época sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.
A Mancha Alviverde negou envolvimento nenhum crime, mas está proibida de entrar nos estádios de São Paulo. A Federação Paulista de Futebol (FPF) acatou recomendação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).