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CEO vê Corinthians com potencial para ser maior time do País e avisa: 'No começo é sofrimento'

Publicado em 03/07/2024 às 08:59

O Corinthians apresentou nesta quarta-feira Fred Luz e Pedro Silveira como novos CEO e diretor financeiro do clube. Em entrevista coletiva no CT Joaquim Grava, os profissionais chegam em um momento conturbado da gestão do presidente Augusto Melo, pressionado pelos maus resultados do time, na penúltima colocação do Brasileirão, e em meio ao polêmico caso do suposto "laranja" no contrato com ex-patrocinadora Vai de Bet.

"Hoje a gente começa a botar em prática tudo que desejamos", iniciou Augusto Melo antes do início da coletiva. "São dois profissionais renomados para trilharmos esse caminho de profissionalização", afirmou o presidente, destacando que os profissionais terão total autonomia para o trabalho.

Esta é a primeira vez na história que o Corinthians institui o cargo de CEO. Contratado para desenvolver uma visão estratégica para o clube, Fred Luz exerceu a mesma função no Flamengo entre 2014 e 2018, período de austeridade fiscal em que os cariocas conseguiram diminuir a dívida em aproximadamente R$ 800 milhões antes da retomada no protagonismo por títulos e contratações de grandes jogadores.

Após a saída do Fla, Fred Luz ingressou na política e estava trabalhando na Alvarez & Marsal, empresa focada em processos de recuperação financeira e falência - apesar de sócio, ele garante que vai trabalhar exclusivamente para o clube. Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, foi consultado para o cargo de CEO anteriormente, mas declinou da oferta. A ideia é de que o CEO tenha autonomia em diferentes setores do Corinthians

"Acredito que o Corinthians tem potencial para liderar o futebol brasileiro. Acredito que o cenário encontrado aqui é melhor do que encontrei no Flamengo. Sem querer ser ufanista, as possibilidades são reais, mas no começo é sofrimento", destacou Fred. "Fui convencido a vir porque senti sinceridade nos olhos do presidente. Isso me emociona e me motiva bastante."

A contratação de um CEO foi uma sugestão da Ernst & Young (EY), contratada pelo Corinthians no início do mandato do presidente Augusto Melo para auxiliar no choque de gestão. Segundo a empresa de consultoria financeira, o clube tem um passivo de aproximadamente R$ 1,5 bilhão sem levar em consideração a dívida com a Caixa Econômica Federal pela arena em Itaquera. Somando a pendência com o banco pelo estádio, o montante pula para aproximadamente R$ 2,1 bilhões.

Segundo Fred, o primeiro passo será mapear as lacunas de oportunidade do clube, incluindo contratos de patrocínio. Ele cita que o equilíbrio financeiro é necessário para não "drenar" o futebol financeiramente. "A cada dia que passa, o custo do endividamento não gera lucro para o clube. Precisamos trazer o Corinthians para uma situação receita/despesa que não fira o orçamento".

Pedro Silveira, por sua vez, chega para ocupar o cargo deixado por Rozallah Santoro, que pediu desligamento da atual na esteira da rescisão do contrato da Vai de Bet com o Corinthians, alegando ingerência no seu setor - além dele, também saíram o diretor de futebol-adjunto Fernando Alba, e o diretor jurídico Yu Kin Lee.

Com vasta experiência no mercado financeiro e sócio de empreendimentos no ramos dos restaurantes, o novo diretor financeiro chega com a missão de fiscalizar as contas do clube, que está em vias de fechar com um novo patrocinador master por valores na casa de R$ 100 milhões anuais, e pretende novas contratações apesar de já ter gastado R$ 130 milhões na janela de transferências do início do ano.

"Vamos nos inteirar dos assuntos nas próximas semanas e, com serenidade, traçar o caminho que desejamos trilhar. O Corinthians tem potencial para ser o melhor time do Brasil", comentou o novo diretor financeiro do Corinthians.

Pedro afirma ainda que está montando um comitê externo independente com grandes corintianos para avaliar a situação do clube e dar sugestões sobre a situação financeira do clube. O novo diretor financeiro destacou a necessidade de respeitar o orçamento do clube. "Meu apoio será fazer uma análise para fazer o presidente e o Fabinho (diretor de futebol) fazer o que acharem melhor para o clube", concluiu.