Prefeitura destina R$ 170 mil a shows de Réveillon e expõe disparidade entre cachês de artista local e atração regional
A Prefeitura de Palmeira dos Índios autorizou a contratação de atrações musicais para o Réveillon 2025 por meio de inexigibilidade de licitação, com gasto total de R$ 170 mil em recursos públicos. Os shows estão marcados para hoje, 31 de dezembro, na Antiga Estação Ferroviária, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Cultura.
Chamou atenção, no entanto, a diferença expressiva entre os cachês pagos. O artista da terra, Índio – O Cantor Apaixonado, foi contratado por R$ 20 mil, enquanto a atração regional Galã do Brega receberá R$ 150 mil — uma diferença de R$ 130 mil, o que representa mais de sete vezes o valor pago ao artista local.
A disparidade reacende um debate recorrente em eventos financiados com dinheiro público: a valorização desigual da cultura local frente a atrações regionais ou de maior alcance comercial. Embora ambos os contratos estejam dentro da legalidade, a assimetria de valores evidencia prioridades que vão além do palco.
O gasto ocorre em um contexto sensível para o município, marcado por crise previdenciária, parcelamento de dívidas com o PalmeiraPrev e aumento de contribuições cobradas de servidores ativos e aposentados. Para críticos, o contraste entre os cachês reforça a percepção de que o artista local segue sendo subremunerado, mesmo quando divide o mesmo evento e o mesmo espaço com atrações mais caras.
A decisão administrativa, portanto, não se limita ao aspecto cultural. Ela levanta questionamentos sobre prioridades orçamentárias, equilíbrio na política cultural e o momento escolhido para desembolsos elevados, especialmente diante das dificuldades enfrentadas por servidores municipais e pensionistas.
A Prefeitura não se manifestou, até o momento, sobre os critérios utilizados para a definição dos valores pagos a cada artista. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.