A bancada do Agronegócio no Congresso Nacional e as empresas responsáveis pelo marketing da agropecuária terão muito trabalho para estancar o mais novo escândalo nacional que emergiu das profundezas da corrupção nesta sexta-feira, 17. A Polícia Federal – PF – deflagrou a Operação Carne Fraca que, em suas primeiras horas, expôs o esquema de corrupção e adulteração de gêneros alimentícios nos principais frigoríficos do Brasil – como JBS e BRF – e que envolve diretamente o atual ministro da justiça e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.
Nos últimos anos o agronegócio foi responsável por segurar a barrar de uma economia recessiva e manter em alta o que sobrou do bom nome da maior República Federativa do cone sul. Isso até agora. Com a Operação deflagrada PF e autorizada pela 14º Vara da Justiça Federal de Curitiba, o Brasil pode entrar na zona vermelha da comunidade internacional que rejeita nada menos que o mínimo de qualidade em suas compras e que tem rechaçado a corrupção no Brasil com atuação direta na Bolsa de Valores.
Agora sabemos que, com exceção dos notadamente pobres, todos ingeriam de forma suculenta, e até debochada, carne pobre ou misturada com papelão. Segundo as investigações, o frigorífico Peccin utilizava ácido ascórbico para maquiar carne podre e usava carne de cabeça de porco para a fabricação de linguiça. JBS, BRF, Peccin, Big Frango e outros, além de atos ilícitos na linha de produção, também tinha um esquema de propina com fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Mas não será anormal se, em alguns dias, a bancada do agronegócio conseguir livrar da prisão e de sanções os empresários envolvidos e o Governo Federal de Michel Temer editar uma nota de mal entendido com relação ao rio de propina recebido pelo atual ministro da justiça e pelos agentes do MAPA. O brasileiro, que tem uma linda indignação seletiva, discutirá, acaloradamente, o escândalo enquanto come uma carne bem passada, comprada em algum supermercado e que carrega a marca JBS ou BRF. O brasileiro gosta mesmo é de ser enganado e achar-se superior repetindo títulos de notícias das redes sociais. A comunidade internacional, que não é nada brasileira, deve responder a esses abusos com a objetividade costumeira e que deixará a balança comercial no vermelho.
Não é mais o caso da Vaca Louca e sim da Carne Fraca que tentará ser suprimido pela mídia nacional, pelos políticos que elegemos e pelas empresas que tanto crédito damos ao comprar quilos e quilos de seus produtos – adulterados. Esta é realmente uma terra surpreendente.