Quando os reacionários ganharam voz com as mídias sociais e a popularização da internet ninguém mais pode ser como é para não ofender as sensibilidades (a maioria fingida de esquerdopatas e hipócritas).
Hoje ninguém mais pode ter curiosidade sobre a vida do pobre porque é prática velada de racismo e segregação. Ninguém pode chamar uma amiga negra de negrinha ou neguinha em público porque olhares reprovadores despontam de todo lugar. Ninguém pode ter horror aos ônibus lotados de gente suada e fedida porque isso é preconceito com o trabalhador. Ninguém pode falar mal da velharia retrógrada que insiste em poluir o ambiente universitário e anexos com a nostalgia perigosa do século passado porque isso é preconceito com os velhos. Ninguém pode ser condescendente com os aleijados e nem chamar de aleijado porque isso também é preconceito. Não querer se misturar com o pobre é caso de polícia e assumir a homossexualidade ou a putanhice é um escândalo sem precedentes.
É tanta hipocrisia e falta do que fazer que chega a ser ofensivo ao ócio.
O negro vai continuar negro (não vai ficar branco de tanto não dar nome à cor); O viado vai continuar a ser viado ou bicha louca ainda que seja repreendido; a puta vai continuar a fazer a alegria dos homens (queiram mães ou esposas ou não); o pobre vai continuar a ser pobre; os trabalhadores vão continuar sendo enlatados em coletivos e os aleijados não deixaram de ser aleijados só porque alguém não expressou o que são de fato.
Lutar por direitos e igualdade deve ser um exercício constante para todos e isso não implica em reações exageradas.
Eu, de minha parte, vou continuar chamando minhas amigas negras de negrinhas ou pretinhas, sempre curioso pelo cabelo; vou trazer sempre para a mesa a viadagem dos viados que conheço e se um velho ameaçar o progresso vou ter que dizer que a hora de aposentar-se passou.
E isso não é nem a ponta do iceberg dos meus preconceitos – é apenas a normalidade dos dias e das ações que todos tomam.
Mas nossas comunidades são hipócritas. Então finja que não leu isso, ou não e me xingue, e continue sendo um cidadão preconceituosamente reprimido.
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