Saindo de casa e dobrando em esquinas e projetos de becos você sempre vai acabar desembocando no centro de Palmeira dos Índios. E não importa de onde saia, sempre vai haver silêncio e fofoqueiras nas portas, abrigando-se do sol nas sombras dos muros e árvores dos outros; vai haver o lixo do sábado – que ninguém recolhe; vai haver as carolas indo à missa ou ao culto e vai haver televisores ligados no programa do Faustão ou da Eliana.
O que você jamais verá será algum movimento útil nas calçadas, casas e ruas.
Fui caminhando, dobrando esquinas e passando pela língua do povo até chegar à sorveteria de nome “chique” para tomar um sorvete bonzinho e um açaí lavajoso com mais leite em pó que a fábrica da Sabe no meio do nada em Sergipe.
E não basta as experimentações culinárias! Isso só não basta!
Ainda tem um monte de gente que sai de casa sobre a linha tênue do bom gosto e do bom senso que chega nos lugares como se fosse as ruas-prostíbulos ao lado do mercado da carne. Ou seja, nem para tomar um sorvete podemos usufruir da paz e da razoável educação nativa da civilidade da sociedade moderna. Fico admirado, ainda, com o retrocesso social do povo palmeiríndio. Parece que falar baixo e comportar-se normalmente na rua não é aprendido no berço.
E aí o domingo foi passando, na monotonia silvícola da mesorregião alagoana.
Graças a Deus a semana começa igualzinha a anterior, com os mesmos hábitos, a mesma falta de senso do povo, os mesmos problemas políticos e a vantajosa calamidade de uma cidade que não muda nunca. Nunca.