No início da semana a estreia e despedida relâmpago do locutor Carlos Santa Rosa da Rádio Farol FM revelou o que se comentava nos bastidores de Palmeira dos Índios a respeito do relacionamento entre o prefeito Júlio Cezar e as emissoras de rádio locais.
Por R$10 mil mensais, cada uma delas se sujeitou a colocar uma mordaça nos microfones e uma venda nos olhos de cada locutor para esconder o descaso que ocorre na periferia da cidade com o lixo tomando conta das ruas e à noite a cidade mal iluminada.
Além disso, qualquer denúncia de irregularidade na Educação e na Saúde – atraso em pagamentos de servidores ou prestadores de serviços é colocada na gaveta dos diretores das emissoras sem que os potentes equipamentos transmitam uma onda sonora sequer.
Em contrapartida, as firulas do prefeito Júlio Cezar que no passado teria ameaçado o denunciante Carlos Santa Rosa por tê-lo comparado a “Rolando Lero” – personagem enrolão e mentiroso da Escolinha do Professor Raimundo – são transmitidas em profusão.
A população de Palmeira dos Índios está se ressentindo da falta dos canais de comunicação radiofônicos para difundir suas reclamações e anseios que são muitos.
O município tem sete emissoras de rádio, duas comunitárias, quatro comerciais e uma webradio. E justamente as rádios comerciais pertencentes à elite palmeirense estão comprometidas com o “governo do povo”.
A mas antiga é a Rádio Sampaio FM que tem o âncora Antonio Oliveira no Programa Nosso Encontro. Antonio é tio do Procurador Geral do Município Klenaldo Oliveira que todo dia “passa banha” para o prefeito, inclusive desativando o serviço de whatsaap, onde a população tinha contato direto para suas reclamações. O valor do contrato, segundo informações é de R$10 mil.
A segunda rádio é a outra emissora da família Sampaio. Ela foi arrendada recentemente ao grupo do prefeito. O radialista Djalma Lima é o diretor e no Programa “Jornal da Viva”, o âncora Tony Filho bate esteira para os secretários e assessores da prefeitura diariamente mentir nos microfones dizendo que a cidade é o paraíso sob os céus. O arrendamento da emissora segundo informações é de R$10 mil.
A Palmeira FM, do Grupo Gaia de comunicação, Anselmo Robério é o âncora do Balanço Geral. A rádio é comprometida desde a eleição de 2016 com o prefeito Julio Cezar e é a que mais recebe. Alguns falam em até R$15 mil mensais. Além disso, um dos proprietários da emissora é secretário da gestão de Julio Cezar e a família ainda tem dois imóveis alugados à prefeitura.
Já a Farol FM, que deu estopim a todo esse escândalo – através do radialista Carlos Santa Rosa que pregou a liberdade de imprensa durante seu passagem relâmpago é uma das que menos recebe. R$5 mil mensais
Pertencente ao deputado-federal JHC, do mesmo partido do prefeito Julio Cezar, o PSB – a emissora é administrada pelo ex-vereador Val Basílio que foi preso pela Polícia Federal por causa da Operação Carranca.
Já a webradio Estadão Alagoas, novata na seara – com pouca audiência, menos de 20 pessoas por programa – pertence a blogueira Grazi Duarte que afirma não ter vínculos com a prefeitura. Porém as informações dão conta do contrário, o que é confirmado até por assessores do prefeito, que falam da “parceria firme” entre os dois. O valor dos contratos seria de R$10 mil.
Fora do bolo
Duas emissoras estão fora do assédio da prefeitura palmeirense para tentar calar a imprensa radiofônica. E as duas são justamente as emissoras que tem mais contato direto com o povo, por ser comunitárias.
A Vitório FM dirigida pelo advogado Ricardo Vitório que tem um programa jornalístico com o âncora Marcelo Lima e a Cacique FM de Canafístula de Frei Damião dirigida pela Associação Acácia Branca cuja presidente é Bianca Silva que vai estrear em breve seu programa jornalístico provavelmente com o radialista Claudio André.
Ricardo Vitório disse que a “Vitorio FM, não está inclusa nessa relação de Emissoras de rádio de Palmeira dos Índios que recebem verbas públicas oriunda da Prefeitura de Palmeira. A Vitorio FM mantém posição de neutralidade e independência em todos os seus programas jornalísticos, pautando sua atuação com total respeito a sociedade, zelando sempre pelo melhor para o povo palmeirense”.
Já Bianca Silva, dirigente da Cacique FM também afirmou que durante os 10 anos de existência da Rádio Cacique, nunca recebeu verbas públicas como apoio cultural, mesmo sendo permitido em lei o apoio e que o espaço está aberto para todos os membros da comunidade, sem qualquer espécie de censura.