SAÚDE PÚBLICA

Alterações bucais podem ser sinais precoces de infecção pelo HIV, alerta Sesau

Especialista destaca a importância do diagnóstico precoce e do cuidado odontológico integral para pessoas vivendo com HIV/AIDS em Alagoas.

Publicado em 22/12/2025 às 17:11
Alterações bucais podem indicar infecção pelo HIV e reforçam a importância do diagnóstico precoce. Carla Cleto / Ascom Sesau

Em alusão à campanha Dezembro Vermelho, que visa conscientizar sobre a prevenção ao HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) ressalta a importância do diagnóstico precoce. Entre os principais sinais de alerta estão as alterações bucais, que podem indicar a necessidade de investigação para possíveis infecções.

De acordo com Lisiane Torres, coordenadora do Programa Estadual de Saúde Bucal e cirurgiã-dentista, estudos mostram que até 50% das pessoas HIV positivas apresentam manifestações orais durante a infecção, índice que pode chegar a 80% nos casos de Aids. “A saúde bucal tem papel estratégico no cuidado dessas pessoas. Muitas vezes, os primeiros sinais da infecção aparecem na cavidade oral”, afirma.

As alterações orais mais comuns em pessoas vivendo com HIV incluem candidíase oral, herpes, leucoplasia pilosa, lesões relacionadas ao HPV, além de doenças periodontais, que vão de gengivites a quadros graves, como periodontite necrosante ulcerativa. Também podem ocorrer aftas recorrentes, boca seca, ulcerações persistentes e, em casos avançados, lesões malignas, como o Sarcoma de Kaposi.

Diante desse cenário, o atendimento odontológico é fundamental no cuidado integral à saúde das pessoas com HIV/AIDS. Lisiane Torres reforça que o trabalho do cirurgião-dentista, aliado ao acompanhamento médico, favorece o diagnóstico precoce, o controle das manifestações bucais e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, fortalecendo a atenção à saúde no serviço público.

Rede de cuidado para a população

No campo da prevenção, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece estratégias eficazes e acessíveis, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para pessoas com maior risco e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que deve ser iniciada até 72 horas após uma possível exposição ao vírus.

A prevenção combinada inclui vacinação contra HPV e hepatite B, testagem periódica e não compartilhamento de objetos perfurocortantes. O SUS também garante tratamento gratuito às pessoas vivendo com HIV/AIDS, seguindo protocolos clínicos e diretrizes de biossegurança do Ministério da Saúde, assegurando cuidado continuado, humanizado e integral.

“No SUS, buscamos garantir um atendimento odontológico qualificado, humanizado e integrado à rede de atenção à saúde, contribuindo para o diagnóstico precoce, acompanhamento adequado e melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, finaliza a coordenadora estadual de Saúde Bucal.

Daniel Tavares / Ascom Sesau