Trabalho é marcado por coincidências dentro da Polícia Militar
Fernanda Alves Calheiros não se lembra quantos anos tinha quando ouviu
falar pela primeira vez de Maria Quitéria de Jesus, que batizaria a primeira
turma de policiais femininas da Polícia Militar de Alagoas – 16 delas inclusive
têm Maria no nome. Filha do major do Corpo de Bombeiros Humberto Alves, falecido em 2011, a jornalista ingressou na
polícia em 2016, quando teve contato com três policiais femininas que
integraram a turma de soldados de 1990. “Elas fizeram parte da minha formação
como policial militar”, relembra.
Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 2010, a cabo da PM de Alagoas conta que sempre sonhou em fazer mestrado, mas deixou o sonho “guardadinho”, como ela diz. Até que um dia, como integrante da Assessoria de Comunicação da PM, hoje Diretoria de Comunicação da Social (DCS), ela foi pautada para cobrir a sanção da Lei nº 8.118, que instituiu o Dia da Policial Feminina em Alagoas.
“Fiz a matéria quando a lei saiu, e outra quando foi comemorado o Dia da Policial Feminina [em 28 de novembro]. E uma das minhas fontes para essa matéria foi justamente a tenente Silviany [Domingues], uma daquelas três mulheres que fizeram parte da minha formação”, informa.
A partir daí, veio o ingresso no mestrado, cuja primeira ideia era trabalhar a questão da memória institucional, porém tendo como objeto de estudo a história da Polícia Militar de Alagoas. Mas eis que entra em cena o faro jornalístico e de pesquisadora da então mestranda.
“Jornalista, por ofício, é um contador de histórias. E eu digo que sou uma jornalista que se encontrou na ciência da informação, que é uma área afim à área de ciências sociais e comunicação social, mas que tem outra abordagem, outras perspectivas”, teoriza. “Dentro da ciência da informação, eu pude estudar com mais profundidade essa temática da memória, da questão de gênero em um ambiente predominante e historicamente masculino”, completa.