sexta-feira, 29 de março de 2024
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Lula: Bolsonaro não está preocupado com a saúde do povo

Por Redação com Agência

Em entrevista ao grupo Meio Norte, do Piauí, o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o presidente Jair Bolsonaro não cumpriu o seu papel de governante, e  por isso, a Brasil sofre com quase meio milhão de mortes por Covid-19. Para Lula, o número de vítimas poderia ter sido reduzido pelo menos à metade, se Bolsonaro não  fosse irresponsável. Lula também afirmou que a Câmara dos Deputados já deveria ter tomado uma decisão contra o presidente e que espera que a relatório da CPI da Covid traga alguma punição a Bolsonaro.

Para Lula, a situação do país agora é de correr “atrás do prejuízo”. Ele diz que a situação ainda pode se agravar, porque o presidente continua desacreditando na pandemia, promovendo aglomerações e mentindo. “A gente vê que o Brasil não cumpriu a lição de casa.  Eu queria prestar solidariedade aos familiares de todas as pessoas que foram vítimas da Covid. Não é pouca coisa o que aconteceu neste país e o que ainda pode acontecer, porque o governo continua mentindo. O governo não trata as pessoas com respeito”.

O ex-presidente afirmou que o governo deveria ter construído um comitê de crise para apresentar ações e compartilhá-las com os governos estaduais. Mas, ao invés de fazer o que qualquer pessoa responsável faria, Bolsonaro resolveu dizer que o vírus não existia e rejeitou comprar vacinas. Ele disse que governo continua sendo irresponsável, lembrando o anúncio, dessa terça-feira (8), de compra de vacinas com data de validade no dia 27 de junho.

“É importante que a gente diga em alto e bom som: o nosso presidente definitivamente não está preocupado com a saúde do nosso povo, ele está preocupado com a pirotecnia que ele consegue fazer todo dia no chiqueirinho dele”, afirmou o ex-presidente.

Lula disse que não tem mágica a ser feita, basta garantir a compra das vacinas, as vacinas cheguem no tempo certo e todo mundo esteja vacinado. Ele ressaltou que o Brasil é  um dos países mais preparados do mundo para vacinação e sempre foi respeitado internacionalmente por isso.  Em 2010, quando ele ainda era presidente, foram vacinas 83 milhões de pessoas em apenas três meses contra a H1N1. “É uma questão de postura política e de responsabilidade”.

O ex-presidente ressaltou que Bolsonaro, além de não cumprir seu papel, desrespeitou os governos estaduais, entidades e pesquisadores, montou um governo paralelo e preparou gente para mentir e vender cloroquina, medicamento que não deve ser usado para casos de Covid, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Impeachment: a Câmara tem que tomar uma decisão 

Questionado sobre o comportamento das instituições diante do comportamento ode Bolsonaro, ex-presidente disse esperar uma resposta da Câmara dos Deputados ou da CPI da Covid. Lula lembrou que existem mais de 100 processos com pedido de impeachment na Câmara, que ainda não foram votados. “A Câmara tem que tomar uma decisão e colocar em votação. O relatório final da CPI não pode ser bom para o presidente Bolsonaro, que ainda continua brincando, que ainda continua desrespeitando a ciência”.

Para Lula, as instituições vão ter que tomar assumir um papel: “Ou ter um relatório da CPI que peça uma punição ou a Câmara pegar um dos processos de impeachment  e colocar em votação. Não é possível que a gente tenha um presidente desrespeitando todo dia as instituições e tentando jogar a sociedade contra as instituições.

O ex-presidente disse que o povo está assustado, acuado, mas que é preciso ir para ruas e começar a cobrar que esse país seja governado descentemente.  O ex-presidente citou medidas de afronta à sociedade, como impedir o Exército de punir o ex-ministro e general Eduardo Pazuello, que desrespeitou a farda ao participar de um ato político.  “São medidas de afronta que ele faz todos os dias às instituições e o Brasil não pode continuar desse jeito, sob pena de não ter respeitabilidade, não gerar renda nem empregos”, afirmou, citando os avanços no governo do Piauí

O povo está cansado das mentiras de Bolsonaro

O país vive um retrocesso. É hoje a 12ª economia do mundo, quando já foi a 6ª maior economia e o desemprego é o maior da história do país. Lula disse que Bolsonaro tenta enganar as pessoas mostrando crescimento  da Bolsa de Valores, mas escondendo o desemprego, que sobe junto com a bolsa. Até a metodologia de índices de emprego, como Caged, foi alterada para incluir o trabalho precarizado. “Isso é porque eles precisam continuar o processo de mentira para a sociedade brasileira. E a sociedade brasileira não precisa de mentira. Você não tem que ter mágico, nem tem que prometer milagre, precisa é ser verdadeiro com o povo”, disse.

“O povo está cansado. Liga a televisão, tá lá o Bolsonaro mentindo. Vai ver o jornal, tá lá o filho dele inventando uma fake news. Não há uma única mensagem humanista, solidário, fraterno. E o povo cansou. É preciso ter respeitabilidade e previsibilidade. Fazer as coisas com seriedade.

Se for candidato, farei mais do que fiz

Para Lula, é esse cansaço e essa vontade que o Brasil volte a ser governado com seriedade que faz com que haja uma maioria do povo brasileiro que deposite a confiança que ele volte a governar o país.

“Se for necessário, para tirar o Bolsonaro, que eu seja candidato, não tenham dúvida que serei”. 

Lula disse que será preciso consertar o que o Governo Bolsonaro destruiu. Ele citou exemplo do Piauí, estado onde foi lançado o Programa Fome Zero, mas cresceu acima da média do país. “Não existe mágica. Não tem gênio que vai sair da garrafa e consertar o Brasil. Não tem com chacoalhar uma varinha de condão e inventar um candidato… Esse país precisa de uma pessoa séria, que conheça o Brasil, e que tenha o compromisso de incluir o pobre no orçamento da União. Se eu for candidato, terei uma obrigação: fazer mais do que eu fiz. Se eu tiver que me defrontar com Bolsonaro , farei isso como uma missão de vida: tirar o fascismo desse país e trazer a democracia de volta, fazer o povo brasileiro voltar a sorrir”, disse, ressaltando que ainda não decidiu se será candidato.

Alianças e polarização

Lula disse que quer ajudar a construir uma aliança para governar o país. Mas que sua  prioridade sempre será gerar emprego, renda e na melhora as vida dos cidadãos. Ressaltou que essa discussão é de 2022 e que a principal agora é vacinação para todos e um auxílio emergencial digno.

Para Lula, toda eleição sempre terá polarização. Mas que isso termina com resultado das urnas, que ele sempre respeitou “Quem vai acabar com a polarização vai ser o povo, depois das eleições. Toda eleição tem polarização. Falam em uma pessoa neutra, não existe neutralidade em eleição. É bom que o povo saiba bem claro o que cada um representa”.

Nordeste

O ex-presidente Lula relembrou que quase chorou de emoção quando a ONU anunciou que o país saiu da mapa da fome, durante sua gestão. Infelizmente, disse, a fome voltou. “E agora ando na rua e vejo gente segurando placa de novo dizendo: “estou com fome” A fome voltou com mais força.

Lula  afirmou que hoje há 54 milhões de pessoas passando  e ele continuará colocando a fome como seu principal inimigo. “Quero que o Nordeste tenha as mesmas oportunidades, com mais investimento, mais faculdades”.

Copa América 

Questionado sobre a Copa América, Lula disse que gostaria que o governo não tivesse aceitado trazer a competição para o país. “Eu sou fanático por futebol, mas, como cidadão, o Brasil não deveria ter aceitado sediar a Copa América nesse momento. Não era necessário, já temos muitas competições aqui, mas o Bolsonaro está querendo recuperar prestígio”.

Segundo Lula, caso a competição seja confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, vai demandar cuidado do pessoal da saúde não só dentro do campo, mas também nos hotéis, nos aeroportos. “É o governo federal que tem que fazer isso e não jogar a responsabilidade para os governadores”

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