Representantes de comunidades quilombolas do Estado estão concentrados no Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado (Iteral) para se reunir na tarde desta quarta-feira, às 14 horas, para audiência com o governador do Estado, Renan Filho, secretários e autoridades do Executivo estadual.
O encontro foi viabilizado pelo Iteral, por meio do Núcleo de Quilombolas e Indígenas (NQI) do órgão, e pela Gerência de Articulação Social do Gabinete Civil com a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos (Semud).
A reunião de socialização dos povos quilombolas com a gestão do governo tem o intuito de ouvir as reivindicações dessa comunidade e fortalecer os povos tradicionais de Alagoas, além de discutir as demandas em todos os setores e as secretarias, como agricultura, meio ambiente, assistência social, comunicação, cultura, educação, esporte, lazer e juventude, infraestrutura, saúde e segurança.
O presidente do Iteral, Jaime Silva, fez questão de frisar o compromisso do órgão com os povos quilombolas e a importância da audiência com o governador. “Quero que os povos quilombolas saibam que o Iteral é parceiro na luta deles por melhorias. A audiência com o governador será um encontro para conversar e apresentar as necessidades de políticas públicas desses povos e firmar o diálogo com a gestão para o fortalecimento da identidade cultural”, afirmou.
A gerente de articulação social do Gabinete Civil, Edenilza Lima, reforça que a audiência com o governador é importante para a construção das políticas públicas. “O diálogo aproxima a gestão do governo com os povos tradicionais e contribui para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para esses povos. Esse encontro oficial, assim como foi com os indígenas, vem para consolidar a relação entre governo e povos quilombolas”, disse a gerente.
O coordenador-geral das comunidades quilombolas de Alagoas, Manuel Oliveira dos Santos, mais conhecido como Bié, reconhece o trabalho do Iteral e disse que a expectativa para a audiência é grande.
“Essa é a primeira audiência com o governo em nove anos de luta. Não conseguimos ser ouvidos uma única vez com a gestão anterior e sinto que com o governador Renan Filho vai ser diferente. Já está sendo porque o Iteral tem nos ajudado bastante. Esperamos que hoje seja o primeiro passo para melhorar a vida nas comunidades quilombolas, principalmente nas áreas urgentes como saúde, educação e infraestrutura”, disse.
Reivindicações em pauta
Na pauta criada para a audiência estão as reivindicações dos quilombolas, entre elas: na agricultura, a criação de um banco de sementes, o peixamento nos açudes das comunidades, a criação de programa para implantação de hortas comunitárias com acesso a poços artesianos, e a ampliação do programa do leite e incentivo à cultura de milho, batata doce, laranja e banana.
Já na área de segurança reforçar o policiamento nas comunidades, acompanhar as ameaças relacionadas ao reconhecimento territorial e a redução da violência pelo uso de drogas.
Em educação, os quilombolas vão pedir os programas de educação continuada e educação no campo nas comunidades, a construção de escolas do 1º ao 5º ano e 6º ao 9º ano, a capacitação de professores, monitores e agentes de ensino quilombolas, a continuidade do Programa de Educação Quilombola, que está suspenso e a integração de ações da educação quilombola com a Fundação Palmares, entre outros.
Na área ambiental, os quilombolas pedirão, entre outras reivindicações, ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) a proteção das reservas naturais pelo Ibama e Ima e o resgate da região para o turismo étnico.
Há ainda outras reivindicações que constam na pauta, referentes a outras secretarias e institutos ligados ao Governo do Estado que serão apresentadas ao governador e ao secretariado.